As projeções do Banco de Portugal para a economia portuguesa apontam para um crescimento de 1,7% para este ano de 2024, 2,2% em 2025 e 2026, e 1,7% em 2027. Um crescimento que indica manter a trajetória de convergência com a área do euro.
Inflação
Sobre a inflação o Banco de Portugal prevê, no seu boletim económico de dezembro, uma redução para 2,6% em 2024 e 2,1% em 2025, perspetiva de estabilização nos 2% para 2026 e 2027.
O maior crescimento da atividade será sustentado sobretudo na procura interna, sendo o crescimento em 2024 sustentado sobretudo pelo consumo privado, já em 2025 e 2026 será refletida a melhoria das condições financeiras e a aceleração da procura externa, mas também a orientação expansionista e pró-cíclica da política orçamental.
Em 2027, a desaceleração do PIB tem como base o impacto do fim da execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
Emprego
O Banco de Portugal refere que “o mercado de trabalho continua robusto”, onde se verifica um aumento no número de empregados e um aumento nos salários reais, e um desemprego a manter-se baixo, nos 6,4% na projeção até 2027.
Em 2024, o rendimento disponível real regista um aumento “historicamente elevado” de 7,1%, o que produziu uma aceleração do consumo privado e um aumento da poupança, mas a projeção aponta para um abrandamento nos anos de 2025 a 2027, em que haverá “um menor crescimento dos salários e do emprego”, levando a menor consumo. Também a taxa de poupança, de 11,5% em 2024 deverá estabilizar ligeiramente acima de 11% até 2027.
Investimento
A perspetiva para o investimento é que recupere em 2025 e 2026 devido à melhoria das condições financeiras e das perspetivas globais e o estímulo dos fundos europeus, mas deverá diminuir em 2027 com o fim do PRR.
Exportações
As exportações deverão crescer 3,9% em 2024 e 3,2%, em média, nos anos de 2025 a 2027, motivadas por uma aceleração da procura externa, e de um menor dinamismo do turismo e com ganhos progressivamente menores.
Para a Banco de Portugal a elevada capacidade de financiamento da economia face ao exterior em 2024 a 2027 é refletido pelo saldo entre poupança e investimento do setor privado.
Orçamento
As projeções orçamentais apontam para o regresso a uma situação deficitária, embora o rácio da dívida pública mantenha uma trajetória descendente, que deve atingir os 81,3% do PIB em 2027. Também o saldo orçamental deve deteriorar-se em 2025, para -0,1% do PIB.
As projeções para 2025 a 2027 são de défices, devido às medidas permanentes já adotadas que têm impacto na despesa pública e na receita fiscal, também dos empréstimos do PRR previstos para 2026 e, a partir de 2027, do aumento de despesa para assegurar a continuidade dos projetos financiados pelo PRR.
Para o Banco de Portugal “a projeção para a evolução da economia enfrenta riscos descendentes”, pelo que aponta para a necessidade de “uma reorientação da política orçamental que assegure o espaço adequado de resposta”.
Também “as tensões geopolíticas continuam a ser um risco adverso significativo, em especial se perturbarem os mercados globais de matérias-primas. A incerteza política na Europa pode agravar o cenário de fraco crescimento”, e “um maior protecionismo envolvendo as maiores economias mundiais poderá reduzir o comércio internacional.”
O Banco de Portugal também alerta que internamente “as dificuldades na execução dos fundos europeus, que poderão implicar um menor dinamismo do investimento.”