A Sociedade Europeia de Catarata e Cirurgia Refrativa distinguiu o projeto ‘NEuroadaptation after Cataract and Refractive Surgery Study’ (NECSUS) liderado por investigadores da Faculdade de Medicina, da Universidade de Coimbra (UC), com o prémio “Clinical Research Awards”, no valor de 400 mil euros.
O projeto, que envolveu um estudo-piloto clínico focado na otimização dos processos de cirurgia de catarata, designadamente no implante de lentes intraoculares multifocais, teve resultados promissores que despertaram o interesse da Sociedade Europeia, que com o prémio agora atribuído, pretende que a investigação tenha continuidade.
O estudo-piloto clínico permitiu aos investigadores esclarecer, através de ressonância magnética funcional, a ligação entre sintomas relacionados com a luz e as caraterísticas funcionais do cérebro humano em doentes operados às cataratas e implantados com lentes multifocais, mostrando, pela primeira vez, a associação entre as queixas reportadas pelos doentes e a atividade funcional do cérebro em tempo real.
Com o financiamento agora conseguido numa seleção que envolveu mais de 60 candidaturas de 26 países, a equipa de investigadores, liderada por Joaquim Murta, da Faculdade de Medicina da UC, vai iniciar, em janeiro, um novo estudo que permita “selecionar melhor a lente a implantar em cada doente durante a cirurgia de catarata, bem como desenvolver novas lentes e estratégias terapêuticas que favoreçam a adaptação.”
Andreia Martins Rosa, investigadora envolvida no projeto, esclareceu, citada em comunicado da UC, que vão ensaiar e “comparar diferentes tipos de lentes multifocais, para descobrir as caraterísticas das lentes que causam menos disfotópsias, ou seja, encadeamento, brilho ocular, riscos estrelados, e estão associadas a maior qualidade visual.”
A investigadora acrescentou: “Vamos ainda estudar doentes em que, pela persistência de disfotópsias, vai ser necessário proceder a nova intervenção cirúrgica para substituir as lentes multifocais. Com este grupo vamos compreender melhor a razão pela qual por vezes não há melhoria das queixas despoletadas pelas luzes, e com isso encontrar estratégias terapêuticas mais eficazes.”
A UC esclareceu que “a cirurgia de catarata é a cirurgia mais realizada em oftalmologia em todo o mundo. As disfotópsias são uma das principais causas da insatisfação após a cirurgia de catarata, obrigando à troca de lentes em 5,7% dos casos.”
No estudo estão envolvidos os investigadores: Joaquim Murta, Miguel Castelo Branco, Andreia Martins Rosa, Maria da Conceição Lobo, Miguel Patrício e Francisco Caramelo, da Universidade de Coimbra, que contam também com a participação de investigadores da Bélgica e Holanda.