A Comissão Europeia apresentou proposta para melhorar o equilíbrio entre a vida profissional e a vida familiar das famílias que trabalham, um Plano de Ação para combater as disparidades salariais entre homens e mulheres, e apelou a que seja posto termo à violência contra as mulheres, através de ações de financiamento e de sensibilização.
Um relatório da Comissão Europeia, de 2018, sobre a igualdade entre homens e mulheres, publicado hoje, 8 de março, revela que, em alguns domínios, “as mulheres continuam a assumir a maior parte das responsabilidades familiares, as disparidades salariais entre homens e mulheres estagnaram nos 16 % durante vários anos e a violência contra as mulheres continua a ser um problema.”
Frans Timmermans, Primeiro Vice-Presidente afirmou: “A questão da igualdade de género está no topo da agenda, mas os progressos no terreno continuam a ser lentos”. Para o responsável europeu ainda não houve “uma verdadeira mudança na situação das mulheres”, e por isso, é necessário “transformar a tomada de consciência e as intenções em ações concretas.”
O Primeiro Vice-Presidente esclareceu que as mudanças passam “pela adoção da nova legislação que a Comissão propôs em matéria de equilíbrio entre vida profissional e vida familiar, pela adesão à Convenção de Istambul” e pela implementação das políticas que já foram acordadas “em matéria de luta contra as disparidades salariais entre homens e mulheres e contra violência de que são vítimas as mulheres.”
Věra Jourová, Comissária Europeia responsável pela Justiça, Consumidores e Igualdade de Género, referiu: “A igualdade de género não diz respeito unicamente às mulheres. É uma questão que diz respeito à nossa sociedade, à nossa economia e à nossa demografia”, e acrescentou: “Queremos garantir que as mulheres sejam verdadeiramente iguais aos homens perante a lei”, e nesse sentido, vão continuar a ser feitos “esforços para promover a autonomia das mulheres, para que estas possam fazer as suas próprias escolhas no que respeita às suas carreiras profissionais e às suas famílias.”
“O futuro da Europa será digital e cabe-nos a nós torná-lo inclusivo. As mulheres não podem ser excluídas da transformação digital da nossa economia e da nossa sociedade”, afirmou Mariya Gabriel, Comissária responsável pela Economia e Sociedade Digitais, e por isso esclareceu que o programa “designado “As mulheres e o digital” terá por objetivo capacitar, promover a autonomia, incentivar e motivar as mulheres e as raparigas a colmatarem o fosso digital que as separa dos homens.”
Embora dados de 2016 indiquem que o nível de instrução das mulheres é superior ao dos homens, sendo 44 % das mulheres, contra 34 % dos homens, com idade compreendida entre os 30 e os 34 anos que possuem um diploma universitário, as mulheres continuam a estar fortemente sub-representadas em cargos de chefia nas empresas e continuam a ganhar, em média, 16 % menos do que os homens em toda a UE.
A Comissão indica que na política, as mulheres estão sub-representadas, na Grécia, Croácia, Chipre, Letónia, Hungria e Malta, representando as mulheres menos de 20 % dos deputados.
Nos últimos anos, as disparidades salariais entre homens e mulheres estagnaram em cerca de 11 pontos percentuais, é indicado no comunicado da CE, não se tendo registado “uma recuperação digna de nota entre os Estados-Membros que obtiveram os melhores resultados e aqueles que obtiveram os piores resultados.”
O relatório conclui que “em média, 44 % dos europeus consideram que as mulheres devem cuidar da casa e da família”, e “num terço dos Estados-Membros da UE, esta percentagem atinge mesmo os 70 %.”
Outra das conclusões é que a “violência continua a ser demasiado generalizada”, dado que na Europa, “uma em cada três mulheres já foi vítima de violência física e/ou sexual após os 15 anos de idade. De igual modo, 55 % das mulheres na UE já foram vítimas de assédio sexual.”
A autonomia das mulheres na era digital
A previsão, é de que o setor das tecnologias, venha a criar 500 mil novos postos de trabalho até 2020, mas as mulheres europeias correm o risco de não aproveitarem as oportunidades, com prejuízo para a economia europeia.
A participação das mulheres nos setores digital e das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) não teve significativas melhorias nos últimos anos, indicou a CE, como concluiu um novo estudo sobre as mulheres na era digital.
O estudo revelou que “o aumento do número de mulheres no setor digital” levaria a “um aumento anual do PIB de 16 mil milhões de euros na EU”. No entanto, “só 24,9 % das mulheres que frequentam o ensino superior obtêm um diploma em domínios relacionados com tecnologias.”
Também no domínio do empreendedorismo, o estudo revelou que “no setor das tecnologias, as empresas, em fase de arranque, detidas por mulheres, têm mais probabilidades de êxito, mas apenas 14,8 % dos fundadores de empresas em fase de arranque são mulheres.”
Com o objetivo de aumentar a participação das mulheres no setor digital, a Comissária Mariya Gabriel apresentou hoje, dia 8 de março, as grandes linhas destinadas “a promover modelos de comportamento no setor das tecnologias da informação, combater os estereótipos, promover o ensino e as competências digitais e defender o aumento do número de mulheres empresárias”. Uma iniciativa a desenrolar-se ao longo de 2018 e 2019.