Uma melhor prevenção, consolidação da Rede de Unidades de AVC, melhores tratamentos e um encaminhamento mais célere, através da via verde, são algumas das ações para levar a uma redução da mortalidade por AVC.
Maria Teresa Cardoso, coordenadora do Núcleo de Estudos da Doença Vascular Cerebral da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), alerta que “ainda há muito potencial de melhoria a nível nacional” para ser usado na redução das mortes por AVC.
A especialista, que é também assistente hospitalar graduada sénior de Medicina Interna no Centro Hospitalar de S. João, no Porto, indica que é de importância crucial “aumentar o número de pessoas com AVC agudo a terem acesso a tratamento específico.”
Acesso rápido dos doentes, em caso de AVC, a determinados tratamento e intervenções pode fazer a diferença entre vida e morte.
A propósito do Dia Mundial do AVC, que se assinala a 29 de outubro, a especialista chama a atenção para a necessidade de um acesso rápido, por parte dos doentes, a determinados tratamento e intervenções, a rapidez, neste caso, “pode fazer a diferença.”
No caso das terapêuticas de reperfusão de vaso ocluído, Maria Teresa Cardoso defende que a rapidez da intervenção “é a chave no sucesso e constitui um enorme desafio na reorganização do sistema de saúde. Há ainda um enorme potencial de crescimento para estas estratégias terapêuticas”.
Para a especialista o “aumento dos centros de intervenção e/ou a criação de estratégias de transporte direto dos doentes para esses centros após avaliação de indicação” é fundamental e obrigam a uma reorganização rápida dos recursos. Maria Teresa Cardoso conclui: “É pois um grande desafio tornar as novas estratégias terapêuticas na fase aguda do AVC rapidamente acessíveis à maioria da população.”
O ‘Relatório do Programa Nacional para as Doenças Cérebro-Cardiovasculares 2017’ da Direção-Geral da Saúde (DGS), aponta para “uma diminuição progressiva da mortalidade por AVC nos últimos anos em Portugal em cerca de 19,7%, particularmente no AVC isquémico abaixo dos 70 anos, em que a redução é de 39%”, o que se traduziu em “menos 1261 óbitos entre 2013 e 2014.”
O relatório reflete que a diminuição da mortalidade por AVC se deve uma melhor prevenção na sequência da lei da cessação tabágica, legislação sobre o conteúdo de sal no pão, tratamento da hipertensão, anticoagulação na fibrilhação auricular e controlo da diabetes, mas também e entre outros, a “uma consolidação da atividade nas unidades de AVC, uma melhoria no encaminhamento dos casos de AVC agudo através da via verde e a uma enorme evolução no tratamento da fase aguda do AVC”.
O estudo subjacente ao relatório da DGS permitiu revelar que “em 80,7% dos casos decorreram menos de duas horas entre a identificação dos sinais e sintomas de AVC e o encaminhamento através da Via Verde do AVC”, cuja ativação, “leva a uma resposta célere, mais adequada e eficaz dos serviços de saúde.”
Neste contexto, Maria Teresa Cardoso, indica que “assume particular relevância a educação das populações para o reconhecimento precoce dos sinais de alarme e da forma de acionar os meios específicos de auxílio, via 112.”