O recente estudo da Marsh Portugal “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2021”, divulgado hoje mostra que as empresas nacionais estão preocupadas com os riscos que podem vir a enfrentar em 2021, e entre estes riscos estão à cabeça os ataques cibernéticos.
Este estudo, que se realiza pelo sétimo ano consecutivo, teve a recolha de dados entre o mês de dezembro de 2020 e o início de janeiro de 2021. Os principais objetivos do estudo incluem a identificação dos potenciais riscos que as empresas consideram que o mundo e elas próprias irão enfrentar, analisando, também, a evolução do papel da gestão de riscos nas empresas portuguesas.
No estudo de 2021 foi incluído um capítulo dedicado à pandemia de COVID-19, para captar a visão das empresas nacionais, sobre o impacto que a pandemia tem vindo a ter nos seus negócios, quais as principais áreas que foram afetadas e se, de alguma forma, esta pandemia influenciou a implementação de políticas ambientais.
O estudo envolveu a participação de 152 empresas portuguesas, pertencentes a 21 sectores de atividade, com diferentes volumes de faturação, bem como o número de colaboradores. Dentro das empresas respondentes, 82% não são cotadas em bolsa. Este estudo nacional, realizado pela Marsh Portugal, pretende fazer uma ponte com o “Global Risks Report 2021”, desenvolvido pelo World Economic Forum e que contou com o apoio de parceiros estratégicos na sua elaboração, como a Marsh McLennan.
Estudo nacional “A Visão das Empresas Portuguesas sobre os Riscos 2021”: Principais Riscos
Os resultados do estudo indicam que 63% das empresas portuguesas considera que a pandemia/propagação rápida de doenças infeciosas é o principal risco que o mundo poderá vir a enfrentar em 2021, e a seguir pelos “ataques cibernéticos em grande escala com 62%”. Em terceiro lugar, surgem as “crises fiscais e financeiras em economias chave” com 46%; em quarto lugar, com 38%, o “elevado desemprego ou subemprego estrutural”; e em quinto encontramos a “falha de governance nacional” e os “eventos climáticos extremos”, ambos com 34%.
Ao analisar a evolução dos resultados ao longo dos últimos 5 anos, o risco “pandemia/propagação rápida de doenças infeciosas” aparece pela primeira vez no top 5 e diretamente para a primeira posição, muito em virtude do momento que o mundo atravessa com a pandemia de COVID-19.
Sobre os riscos que as empresas receiam vir a enfrentar no ano de 2021, 57% afirma que os “ataques cibernéticos” é o risco com maior probabilidade de ocorrer, seguido de “pandemia/surtos” e “instabilidade política ou social”, com 53%. Em terceiro lugar surge a “recessão”, com 37%, e, em quarto e quinto lugares, respetivamente, estão os “eventos climáticos extremos”, com 29%, e a “crise financeira/crises fiscais”, com 24%.
Fernando Chaves, Risk Specialist da Marsh Portugal, citado em comunicado pela Marsh Portugal, afirma que “o cenário de ameaças cibernéticas tem evoluído rapidamente, reforçado pela pandemia, o que leva as empresas a procurarem respostas mais céleres para lidar com estas exposições. É crucial que garantam formação especializada aos seus colaboradores, para que acompanhem o ritmo atual da digitalização e adaptem as suas operações às novas tecnologias.”
As Empresas Portuguesas e a Gestão de Riscos
90% das empresas inquiridas afirma que a importância dada pela sua organização à gestão de riscos é suficiente ou elevada. De realçar que a elevada importância regista uma percentagem de respostas superior à suficiente importância, assim como, a percentagem das empresas que afirma dar pouca importância à gestão de riscos diminuiu. Esta evolução positiva poderá ser o reflexo das empresas portuguesas estarem mais conscientes do papel que a gestão de riscos representa para garantirem a sua continuidade de negócio. Relativamente aos valores orçamentados para a gestão de riscos em 2021, 35% das empresas afirma ter aumentado e 45% afirma ter estabilizado.
Rodrigo Simões de Almeida, CEO da Marsh Portugal, afirma que ‘’acredito que uma das palavras para 2021 possa ser “resiliência”. A gestão de riscos não deve ser uma área a descurar, principalmente em períodos de crise, dado que poderia ser até contraproducente para as organizações baixarem as suas linhas de defesa em alturas em que podem estar mais expostas às muitas ameaças internas e externas. A resiliência das organizações passa, no imediato, pela capacidade de investir numa gestão de riscos mais abrangente.”
COVID-19 – Impactos nas empresas portuguesas
Quando questionadas sobre de que forma estavam a ser impactadas pela pandemia de COVID-19, as principais respostas das empresas portuguesas foram os impactos financeiro e operacional negativos, respetivamente com 36% e 31% das respostas. Já as áreas mais afetadas pela pandemia, as empresas portuguesas identificaram as de vendas e de operações, com a mesma percentagem de 45%.
Para Fernando Chaves “estes resultados espelham, naturalmente, os receios demonstrados relativamente aos riscos cibernéticos, de recessão ou de crise financeira, tal como dá relevo ao impacto financeiro e operacional que os eventos climáticos extremos geram nas empresas. No entanto, existe também um lado positivo: a crise pandémica trouxe a paragem para muitos, mas, também, o aumento de procura para diversos sectores. Realçamos que 16% dos respondentes afirmou que as suas empresas não foram impactadas pela pandemia, bem como 9% afirma que esta teve um impacto operacional positivo e 8% um impacto financeiro positivo. Estas serão aquelas organizações que, dentro de algum tempo, poderão apresentar crescimentos menores, ou mais estáveis, mas serão certamente as que permitirão que outras encontrem novas oportunidades e renasçam ou voltem a atingir resultados positivos, no processo de retoma da economia nacional e global.”