O maior estudo funcional do cérebro por imagens desenvolvido, até agora, comparou 46.034 imagens de exames cerebrais através de tomografia computadorizada de emissão de fotão único (SPECT), e quantificou as diferenças entre os cérebros de homens e de mulheres.
O estudo foi desenvolvido na Amen Clinics, Newport Beach, Canadá, e as imagens foram fornecidas por nove clínicas. O estudo foi já publicado no ‘Journal of Alzheimer’s Disease’.
Daniel G. Amen, psiquiatra, autor principal do estudo, e fundador da Amen Clinics, referiu que se trata de “um estudo muito importante para ajudar a compreender as diferenças cerebrais baseadas no género”. O especialista acrescentou que as diferenças quantificáveis que foram identificadas “entre homens e mulheres são importantes para a compreensão do risco de distúrbios cerebrais baseado no género, como seja a doença de Alzheimer”.
Para Daniel G. Amen “o uso de ferramentas funcionais de neuroimagem, como o é o caso do SPECT, é essencial para o desenvolvimento, no futuro, de tratamentos cerebrais baseados em medicina de precisão”.
O estudo permitiu verificar que as mulheres têm muitas áreas do cérebro mais ativas que as dos homens, especialmente no córtex pré-frontal, envolvido no foco e controle de impulsos, e as áreas do límbico ou emocional do cérebro, que estão envolvidas no humor e ansiedade. Os centros visuais e de coordenação do cérebro eram mais ativos nos homens.
Dado que o SPECT também mede a perfusão sanguínea no cérebro. As imagens adquiridas de indivíduos em repouso ou ao realizar várias tarefas cognitivas mostram um fluxo sanguíneo diferente em regiões específicas do cérebro.
O estudo envolveu 119 indivíduos voluntários saudáveis e 26.683 indivíduos pacientes, com uma variedade de condições psiquiátricas, como trauma cerebral, distúrbios bipolares, distúrbios do humor, esquizofrenia, ou distúrbios psicóticos e transtorno de deficit de atenção e hiperatividade. Foram analisadas 128 regiões do cérebro, quando o individuo em repouso e quando realizava uma tarefa de concentração.
Os distúrbios cerebrais afetam os homens e as mulheres de forma diferente pelo que compreender essas diferenças torna-se importante para os investigadores. É conhecido que as mulheres têm taxas significativamente mais altas de doença de Alzheimer, sendo que a depressão é um fator de risco da doença de Alzheimer e de distúrbios de ansiedade, enquanto os homens têm taxas mais altas de transtorno de défice de atenção e hiperatividade, problemas relacionados com conduta e encarceramento.
Para George Perry, editor do ‘Journal of Alzheimer’s Disease’, os dados do estudo são importantes para “definir precisamente a base fisiológica e estrutural das diferenças de género na função cerebral”, pelo que “vai permitir um melhor conhecimento sobre a doença de Alzheimer.”
O estudo concluiu que, com base no aumento do fluxo sanguíneo do córtex pré-frontal nas mulheres, em comparação com os homens, pode explicar as mulheres exibirem maiores forças nas áreas de empatia, intuição, colaboração, autocontrole e preocupação apropriada.
As mulheres também apresentam um aumento de fluxo sanguíneo nas áreas límbicas do cérebro, em comparação com os homens, o que também pode explicar parcialmente serem as mulheres mais vulneráveis à ansiedade, depressão, insónias e distúrbios alimentares.