Os medicamentos artemisininas têm desempenhado um papel importante na luta contra a malária, e a preocupação levantada sobre a resistência parcial da malária ao medicamento é considerada exagerada. A conclusão é de um estudo científico publicado no New England Journal of Medicine, em 24 de abril de 2019.
No estudo Sanjeev Krishna, investigador da Universidade de St. George, em Londres, colaborou com o cientista chinês Tu Youyou que recebeu o Prémio Nobel de Medicina em 2015, pela descoberta da artemisinina em 1977, bem como com outros cientistas.
A artemisinina e seus derivados são conhecidos pela capacidade de reduzir rapidamente o número de parasitas no sangue de pacientes com malária. Um medicamento que têm salvado milhões de vidas em todo o mundo. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda terapias combinadas à base de artemisinina (ACT, artemisinin-based combination therapies) como tratamento de primeira e segunda linha para a malária simples, bem como para a malária resistente à cloroquina.
A “resistência parcial à artemisinina” foi confirmada em alguns países da sub-região do Grande Mekong, incluindo países como o Camboja, Mianmar, Tailândia e Vietname. Os investigadores que trabalham nos países onde foi detetada a resistência à artemisinina manifestaram preocupações e exigiram, em 2018, uma resposta pela OMS.
Corrigir a terapêutica para melhor eficácia
No estudo Sanjeev Krishna e Tu Youyou indicam que a resistência parcial à artemisinina é um atraso na eliminação de parasitas da malária da corrente sanguínea após o tratamento com uma terapia combinada. Uma vez que a resistência do parasita afeta apenas um estágio do ciclo parasitário da malária, em humanos, – o estágio de “anel” – essa resistência pode ser ultrapassada com recurso a uma dose correta do fármaco artesunato, por exemplo, uma terapia de 7 a 10 dias, em vez de três dias. Os cientistas indicam que o recurso a esta terapia vai leva as artemisininas sejam eficazes mesmo quando a eliminação precoce do parasita for retardada.
Os cientistas também indicam que as falhas no tratamento com ACTs podem ser diretamente atribuídas ao medicamento “parceiro” e podem ser resolvidas pela mudança desse medicamento “parceiro”. Por exemplo, a terapêutica com a mefloquina mais o artesunato pode ser trocada para DHA com piperaquina, se a primeira combinação falhar.
Os autores do estudo indicam que não é provável que num curto espaço de tempo surja uma nova geração de antimaláricos que se compare favoravelmente às artemisininas em potência, segurança e risco de resistência.
“É perfeitamente possível confiar na artemisinina e nos medicamentos “parceiros” para eliminar a malária na sub-região do Grande Mekong. Não vemos nada que impeça ajustes simples nos regimes terapêuticos existentes, incluindo o uso inteligente de combinações de fármacos, para maximizar o potencial de nossa arma mais forte contra a malária; e acreditamos que é urgente que essas ações sejam implementadas antes que surjam novas complicações”, referiu o investigador Sanjeev Krishna.