Por proposta do Instituto de Educação a Universidade de Lisboa atribui grau de Doutor Honoris Causa a Arquimedes da Silva Santos que neste caso é em cerimónia no dia 27 de março apadrinhado Sampaio da Nóvoa, professor e antigo reitor da Universidade de Lisboa.
Arquimedes da Silva Santos possui um percurso multifacetado em que figura como “cidadão antifascista, preso político torturado pela PIDE e condenado pelo Tribunal Plenário da Ditadura do Estado Novo, um poeta, professor e pedopsiquiatra.”
O novo Doutor Honoris Causa é um “homem de grande craveira intelectual, multidimensional, com intervenção em diferentes áreas: cívica, política, artística, científica e educativa. Propôs um conceito, ao seu tempo inovador, de relação entre a Pedagogia e a Arte. Foi na área da Pedagogia que mais se destacou no Centro de Investigação Pedagógica do Instituto Gulbenkian de Ciências, na Escola Superior de Educação pela Arte do Conservatório Nacional de Lisboa e na Escola Superior de Dança. Foi sempre um mediador entre a Arte e a Educação, colocando a Arte ao serviço da criança através da teoria da Educação pela Arte.”
A obra Arquimedes da Silva Santos “divide-se entre a Poesia – com o seu primeiro livro Voz Velada em 1957, e Cantos Cativos (três edições) – e a Ensaística, essencialmente no campo da Psicopedagogia e da Educação pela Arte.”
Arquimedes da Silva Santos nasceu na Póvoa de Santa Iria, em 28 de Junho de 1921, frequentou o liceu Passos Manuel, em Lisboa, e contactou com poetas, artistas e escritores, a ligação a Alves Redol levou-o a atividades culturais, passando a escreve em jornais como o Sol Nascente, O Diabo, Mensageiro do Ribatejo, e a participa em conferências.
Com Soeiro Pereira Gomes e Carlos Pato, colabora no 1º volume da 1ª obra coletiva do Movimento Neorrealista: “Contos e Poemas de Modernos Autores Portugueses, 1942”.
Em Coimbra, inicia o Curso de Medicina da Universidade de Coimbra, e ao mesmo tempo inicia atividades políticas no PCP e no MUD Juvenil. Integra-se no grupo de teatro TEUC, sendo encenador, ator, tradutor e até presidente da direção. Em 1945 liga-se ao Ateneu de Coimbra, onde dinamiza um leque diversificado de atividades culturais.
O envolvimento na campanha de Norton Matos para a Presidência da República leva-o a ser detido pela PIDE, torturado, às prisões do Aljube e de Caxias, impedido de exercer Medicina em todos os organismos do Estado, faz o Curso de Ciências Pedagógicas na Universidade de Coimbra e estágios na especialidade de Psiquiatria Infantil. Com formação em Psiquiatria Infantil, em Portugal e França entrar no quadro de especialistas em Neuropsiquiatria da Ordem dos Médicos.
Frequenta o Curso de Filosofia, na Faculdade de Letras, de Lisboa, e uma bolsa do governo francês permitiu a frequência, na Sorbonne, de estudos especializados em Pedopsiquiatria e Psicopedagogia. Em Paris, frequenta a disciplina de Educação Estética da Criança, e toma contacto com questões de “Pedagogia e a Arte”.
Na Escola Superior de Educação pela Arte lecionou várias disciplinas e foi Presidente do Conselho Pedagógico da Escola. Mais tarde e até à reforma fez parte da Escola Superior de Dança do Instituto Politécnico de Lisboa, onde foi professor-coordenador e Presidente do Conselho Artístico Pedagógico.
De entre as obras publicadas, citam-se “Testemunho de Neorrealismos. Campo das Letras, Perspetivas Psicopedagógicas, 1977, Aspetos psicopedagógicos da atividade lúdica (1991). Lisboa: Instituto de Apoio à Criança, (Cadernos IAC, 3), Do método de João de Deus à formação de educadores de infância (1986). Lisboa: Escola Superior de Educação João de Deus, Mediações artístico-pedagógicas (1989, imp.). Lisboa: Livros Horizonte, (Biblioteca do educador, 114). MNR SNT/Ens/0068, Mediações arteducacionais (2008). Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Estudos de Psicopedagogia e Arte. Campo das Letras, e Da Família à Escola. Campo das Letras.