O Ministério da Cultura vai adquirir para as coleções do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e do Palácio Nacional da Ajuda (PNA), repetivamente, um gomil de porcelana, datável do período do Imperador Zhengde (1506-1521), à Fundação Ricardo Espírito Santo Silva por 825 mil euros, e uma joia da Rainha D. Maria Pia (1847-1911), a um particular, por 35 mil euros.
As aquisições são feitas através da Comissão para Aquisição de Obras de Arte para os Museus e Palácios Nacionais e, de acordo com nota do Ministério da Cultura, “refletem a política de valorização das coleções nacionais assumida pelo Governo”. Tal como foi em 2022 foi feita a aquisição de sete obras destinadas ao MNAA, ao Museu Nacional do Azulejo e ao Palácio Nacional da Ajuda/Museu do Tesouro Real, num investimento global de 1,4 milhões de euros.
Sobre as obras de arte, a nota do Ministério da Cultura descreve:
■ Gomil de porcelana datável do período do Imperador Zhengde (1506-1521)
No período entre 1517, data em que são estabelecidas relações regulares entre D. Manuel e o imperador Zhengde, e até à morte do monarca, em 1521, as encomendas de porcelana chinesa que são feitas por Portugal à China têm um enorme impacto na Europa, sendo usadas por D. Manuel e por D. João III como ofertas diplomáticas a cortes europeias e ao Papa.
Deste conjunto de porcelanas de raro valor artístico e histórico – que testemunham a origem das relações comerciais e culturais entre Portugal e a China – resta um grupo extremamente reduzido de peças, na posse de instituições nacionais e estrangeiras, como por exemplo o Metropolitan Museum de Nova Iorque e o Museu Pusat de Jacarta.
O gomil que vai ser adquirido para o MNAA pertence a esse estrito grupo, distinguindo-se em particular pela qualidade de execução, na enorme delicadeza da sua porcelana extremamente fina, com esfera armilar e decoração floral miúda. Em Portugal, será o primeiro exemplar das encomendas manuelinas de porcelana chinesa a integrar uma coleção do Estado.
Além de suprir uma evidente lacuna, a incorporação desta rara e valiosa obra no MNAA assume especial relevância num momento em que este Museu prepara, em sede de Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) a renovação completa do piso onde se apresentam as artes decorativas orientais e a sua coleção de porcelanas chinesas, uma das mais relevantes a nível internacional.
■ Joia da Rainha D. Maria Pia (1847-1911)
Conjunto formado por colar e brincos com pérolas, turquesas e camafeus, em estojo original, deixado em testamento pela Arquiduquesa Maria Luísa da Toscana (1798-1857), tia-avó da rainha, conforme nota manuscrita no interior do estojo: “Adorno deixado por testamento a Madame Marie de Savoie pela sua tia-avó, arquiduquesa Maria Louise de Toscane”.
A peça, que terá vindo com a rainha para Portugal, em 1862, é composta por camafeus de ágata “Leão”, com molduras em ouro cravejadas com turquesas apresentando marca de garantia de teor de Paris (c. 1809), posteriormente remarcadas com contraste de Lisboa (1887).
Em 1912 foi integrada no célebre leilão em que foram vendidas joias privadas da rainha D. Maria Pia. Esta aquisição contribui para o enriquecimento e valorização das coleções nacionais, em particular a coleção de ourivesaria do Palácio Nacional da Ajuda / Museu do Tesouro Real. Esta aquisição constitui uma oportunidade de resgate patrimonial de um bem de indiscutível valor artístico e histórico.