Investigadores da Universidade de Alicante (UA), Espanha, desenvolveram uma nova tecnologia que permite localizar pessoas feridas, em lugares remotos onde não há cobertura por telemóvel, e onde a rapidez de resgate é essencial para salvar vidas. O sistema também pode servir em emergências na sequência de terremotos, inundações e incêndios florestais, onde as infraestruturas de telefonia móvel muitas vezes não estão disponíveis.
José Ángel Berná, do Departamento de Física, Engenharia de Sistemas e Teoria do Sinal da Escola Politécnica, e autor da tecnologia, referiu: “Criamos uma aplicação (app) que pode ser carregada em qualquer smartphone e, sem cobertura móvel, emite um sinal de Wi-Fi que atua como um farol de socorro, podendo atingir uma distância de vários quilómetros.”
O sinal emitido pelo smartphone contém a localização (coordenadas geográficas) da pessoa ferida ou perdida e uma breve mensagem que “pode ser definida como, por exemplo, eu estou ferido, estou desorientado ou preciso de ajuda”, esclareceu o autor da tecnologia.
Para detetar o sinal de socorro, o investigador também criou um dispositivo portátil e leve (meio quilo), para ser usado por equipas de resgate ou por estações de abrigo de montanha. Este dispositivo possui uma pequena antena e conecta-se ao smartphone dos agentes de busca e salvamento.
Quando ocorre um incidente, a pessoa lesada só precisa ativar a app do smartphone que emitirá o sinal de socorro periodicamente – pode ser por horas ou mesmo dias, mesmo que a pessoa ferida fique inconsciente – indicando as coordenadas da posição.
De acordo com José Ángel Berná, já foram realizados testes de campo com o sistema inovador, no início de 2016, e a partir daí foi desenvolvido um protótipo operacional com Grupos de Rescate Especial de Intervención en Montaña (GREIM) da Guarda Civil e depois com o Servicio Marítimo del instituto armado y Salvamento Marítimo, tendo dado resultados ‘interessantes’.
Durante os testes realizados em terra e no mar, foi demostrado que o dispositivo pode capturar o sinal de socorro do Smartphone emissor até uma distância de dois a três quilómetros, embora existam possibilidades de aumentar a capacidade de cobertura.
As operações de procura de pessoas desaparecidas ou feridas numa área sem cobertura móvel representam “atualmente muitos gastos de tempo e de recursos”, explica o investigador. Em vez disso o novo sistema permite “otimizar a procura e reduzir o tempo de rastreamento”, um aspeto vital se se levar em conta que “em muitos casos de óbitos, as autópsias revelaram que não morreram no momento do acidente, mas que ainda viveram horas, durante as quais não foram localizados”.
O sistema tem a vantagem de não ser necessário visualizar a pessoa ferida, uma vez que no momento em que é detetado o sinal, este indica a posição exata, mesmo que a pessoa esteja a vários quilómetros de distância ou presa num prédio que tenha colapsado.
Atualmente “não há nenhum sistema no mundo que use sinais Wi-Fi para geolocalizar um Smartphone. Existem dispositivos que permitem detetar sinais de um Smartphone e localizar sua posição por triangulação, mas o custo eleva-se a cerca de 80.000 euros e requer o uso de um helicóptero”, referiu José Ángel Berná. No entanto, o sistema concebido na UA é mais económico, “porque o um custo de comercialização do sistema pode ser aproximadamente 600 euros, se for adotado por um número significativo de equipas de resgate.”
De acordo com investigador o comité de segurança da Federação Espanhola de Montanha e os serviços de resgate da Guarda Civil consideram que a funcionalidade da tecnologia deve ser integrada numa aplicação de emergência existente, e com suporte institucional.