A farmacêutica Daiichi Sankyo tornou disponível em Portugal o fármaco edoxabano, com o nome comercial Lixiana. Este é o primeiro anticoagulante oral de ação direta de toma diária única para ser usado na prevenção de acidente vascular cerebral (AVC), embolismo sistémico (ES) e redução significativa de hemorragias graves.
A Daiichi Sankyo indica, em comunicado, que “edoxabano já está disponível nas farmácias, com indicação para a prevenção do AVC e do ES em doentes com fibrilhação auricular não-valvular e para o tratamento da trombose venosa profunda e da embolia pulmonar e prevenção das recorrentes em adultos.”
A farmacêutica lembra que “a fibrilhação auricular é a arritmia cardíaca mais comum e que está associada a um risco acrescido de mortalidade”, dado que aumenta “o risco de AVC entre três a cinco vezes”.
De acordo com “os dados do estudo FAMA” promovido pelo Instituto Português de Ritmo Cardíaco, “2,5% da população portuguesa com mais de 40 anos sofre de fibrilhação auricular”, e a incidência “sobe nas faixas etárias mais avançadas.”
O mais recente Estudo do ‘System of AF Evaluation In Real World Ambulatory Patients’ (SAFIRA) indica que “perto de 9% dos portugueses com mais de 65 anos sofre de fibrilhação auricular, e destes, mais de 35% ainda não foram diagnosticados”.
Um estudo publicado no ‘New England Journal of Medicine’, que envolveu mais de 21 mil doentes, indica que o edoxabano esteve associado a uma redução de 20% do risco de hemorragia grave, em comparação com o tratamento standard com varfarina.
O estudo indica também que a hemorragia grave “é a mais temida complicação em doentes com fibrilhação auricular não-valvular anticoagulados”, e que o “edoxabano reduziu também em 53% o risco de hemorragia intracraniana, em 49% o risco de hemorragia potencialmente fatal e em 45% o risco de hemorragia fatal”.
A Daiichi Sankyo esclarece que o edoxabano “atua através da inibição do fator Xa, que é um ativador da coagulação, e tem um mecanismo de ação rápido, com um início de ação entre uma a duas horas após a administração. Não necessita de controlo laboratorial regular do INR.”
Miguel Viana Baptista, neurologista do Hospital de Egas Moniz, refere, citado em comunicado, que “o aparecimento de novos anticoagulantes orais permitiu que um maior número de doentes com fibrilhação auricular e risco tromboembólico passassem a fazer terapêutica anticoagulante.”
O neurologista acrescenta que “só por si, esta realidade já representa uma grande vitória. Penso que a chegada de edoxabano poderá contribuir para que esse número aumente ainda mais, nomeadamente dentro de populações mais vulneráveis como os doentes idosos, que comportam um grande risco hemorrágico, mas também um elevado risco tromboembólico e que não podemos deixar de tratar sob pena de não os estarmos a proteger contra eventos isquémicos”.
A farmacêutica indica que o “edoxabano é também mais cómodo para o doente, na medida em que, para além de não requerer o controlo laboratorial regular do INR, pode ser administrado como ou sem alimentos e tem baixo risco de interações com outros medicamentos. Pode, inclusivamente, ser administrado a doentes com intolerância à lactose.”
Cristina Gavina, cardiologista do Hospital de Pedro Hispano, em Matosinhos, refere que o edoxabano “permite um ajuste de dose que foi testado no âmbito dos ensaios clínicos, o que é muito relevante para os doentes reais que tratamos na nossa prática clínica”, e a cardiologista acrescenta que “os resultados demonstram que o edoxabano tem uma eficácia indiscutível e, sobretudo é um anticoagulante muito seguro, do ponto de vista hemorrágico”.
O fármaco “edoxabano também está indicado para a trombose venosa profunda, uma complicação frequente com uma incidência que tem vindo a aumentar e que está associada a uma elevada morbilidade e mortalidade”, indica o comunicado da Daiichi Sankyo.
A farmacêutica lembra que “a idade avançada, as viagens de longa duração, o cancro, a imobilidade e a administração de determinados medicamentos, nomeadamente alguns contracetivos, são alguns dos fatores que aumentam o risco de trombose venosa, que pode ser fatal, ao provocar uma embolia pulmonar, ou causar sequelas para toda a vida, como a síndrome pós-trombótica, a insuficiência venosa e ulceras nas extremidades.”