A cerimónia de entrega do Prémio Calouste Gulbenkian, que teve lugar no Dia do Fundador, 20 de julho, contou com a presença do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, do Presidente da Fundação Gulbenkian, Artur Santos Silva, do antigo Presidente da República, Jorge Sampaio, de Virgílio Viana, Diretor-geral da Fundação Amazonas Sustentável, que recebeu o prémio, e de vários membros do Governo.
Artur Santos Silva referiu que com a entrega do Prémio Calouste Gulbenkian 2016 encerra-se “um ciclo de cinco anos para que foi instituído, e anualmente atribuído a uma instituição ou a uma pessoa portuguesa ou estrangeira que se tenha distinguido pelo seu papel na defesa dos valores essenciais da condição humana”.
O júri do Prémio foi presidido por Jorge Sampaio, e ao longo dos cinco anos distinguiu “instituições do Médio Oriente, da Africa Mediterrânea, da Região Subsariana, da Europa e agora é a vez da América do Sul. É a vez do Brasil”.
O vencedor do Prémio de 2016, a Fundação Amazonas Sustentável, tem “ao longo de quase 10 anos de existência procurado promover o desenvolvimento, a conservação ambiental, a melhoria da qualidade de vida no Estado do Amazonas, no Brasil, tendo já assistido mais de 500 comunidades e beneficiado mais de 40 mil pessoas”, indicou Artur Santos Silva.
Jorge Sampaio esclareceu que os motivos que levaram à escolha da Fundação Amazonas Sustentável, para o Prémio de 2016, foram: “O trabalho notável, rigoroso e de longo alcance que a Fundação vem desenvolvendo, desde a sua criação, em prol, não só das comunidades locais do Amazonas e da promoção do seu bem-estar sustentável, mas também da proteção ambiental e do desenvolvimento da floresta e de todos os seus recursos solidamente ancorados em princípios de sustentabilidade”.
Um trabalho que “nos enche a todos de orgulho e de uma imensa gratidão”. Orgulho, porque de alguma forma nos revemos no trabalho da Fundação Amazonas Sustentável, referiu Jorge Sampaio, e “porque através dele são os filamentos da nossa história comum que fazem vibrar o sentimento de irmandade profunda que nos liga, sempre pronta a manifestar-se, ora nas situações de ameaça ou risco, ou nas de júbilo, como esta”.
Nada que diga respeito ao Brasil, ao seu povo, deixa Portugal ou os portugueses indiferentes, referiu Jorge Sampaio, e acrescentou: “Se o Brasil parar, Portugal fica em suspenso. Se o Brasil avança e progride, Portugal festeja e associa-se”.
E Jorge Sampaio prossegue dizendo: “As realizações e os bons desempenhos dos brasileiros, seja na Arte, seja na Ciência, na Cultura ou no Desporto, são vitórias com que os portugueses se rejubilam, imbuídos desse sentimento único de união que os grandes acontecimentos, tragédias, perigos eminentes e glórias despertam derrubando barreiras, conflitos, divisões e interesses”.
Para o Presidente do júri, trazer o galardão “para o mapa da lusofonia e declinar o Prémio Gulbenkian 2016 em língua portuguesa, este é outro sim, motivo de adicional orgulho”.
Mas há outra gratidão que Jorge Sampaio fez questão de relevar, a da “humanidade partilhada”, referindo que “o Amazonas é uma trave mestra da nossa casa comum, aquela que abriga a humanidade inteira”, e as iniciativas da Fundação Amazonas Sustentável “baseadas numa visão forte do que é o desenvolvimento sustentável na dupla vertente que é a proteção e conservação ambiental, e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas, dão o mote e são o exemplo”.
Neste sentido, a atribuição do Prémio Gulbenkian 2016 à Fundação Amazonas Sustentável pretende, indica o responsável pela escolha do premiado, “reconhecer e distinguir o trabalho notável efetuado em prol de soluções locais para o desenvolvimento sustentável que revestem, outro sim, um carater global”.
Para o Presidente da República, a Fundação Calouste Gulbenkian deu um sinal inequívoco de futuro, ao premiar a Fundação Amazonas Sustentável “que é um exemplo de tudo o que é futuro – sociedade civil, ambiente, juventude, coragem cívica, visão social, dimensão universal, presença num país que é ele próprio na sua pujança insuperável, futuro, a adicionar à sua afirmação do presente”.
“A Amazónia é um símbolo arrebatador do que vale a pena ser uma causa comunitária, por muito que se sintam penalizados os instalados de sempre e as centenas de comunidades e as dezenas de milhares de pessoas de carne e osso apoiadas pela Fundação Amazonas Sustentável”.
Um apoio que é feito “com transparência, inovação, parceria, replicabilidade e avaliação”, e que se traduz num “retrato impressivo de que uma causa de futuro pode e deve juntar a valorização da natureza, a luta contra a pobreza, a inclusão, a educação, o desenvolvimento humano como um todo”.
Para Virgílio Viana, Diretor-geral da Fundação Amazonas Sustentável, o prémio possui “um simbolismo muito grande”, dado que é o primeiro atribuído “a uma instituição que fala português, e também a um representante do continente americano e a uma organização que trabalha com o meio ambiente”.