Há atualmente no país escassez de formulações de imunoglobulina G polivalente para a administração por via endovenosa/subcutânea. Este problema afeta mais de 2 mil portugueses que dependem desta terapêutica substitutiva com imunoglobulina. Um alerta e uma preocupação que a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC) já manifestou às entidades competentes – Ministério da Saúde e INFARMED.
As imunodeficiências primárias afetam crianças e adultos e resultam de defeitos congénitos do sistema imunitário. Uma grande percentagem destas situações associa-se a defeito de produção de anticorpos, traduzindo-se num risco aumentado de infeções respiratórias/intestinais ou sistémicas, com impacto significativo na morbilidade e mortalidade sendo, por isso, a terapêutica substitutiva com Imunoglobulina crucial para assegurar a qualidade de vida destes doentes, explicou a SPAIC.
A SPAIC alerta que “a perspetiva de interrupção desta terapêutica aos mais de 2 mil doentes com imunodeficiências será seguramente muito grave, comprometendo a vida de crianças e adultos, na sua maioria com vidas familiares e profissionais ativas e colocando-os em risco de vida”.
O alerta da SPAIC vem dos laboratórios responsáveis pela produção/distribuição, sobre a interrupção iminente (início de 2021) do fornecimento destas formulações ao mercado nacional. Desde então, a SPAIC tem questionado os departamentos de farmácia nos diferentes hospitais relativamente às soluções pensadas para contornar esta situação.
Para a SPAIC a escassez de imunoglobulina ultrapassa a realidade nacional, esta é uma oportunidade para fomentar o fracionamento do plasma de dadores nacionais – permitindo um uso otimizado do sangue em relação ao aproveitamento e eficácia de todos os componentes sanguíneos. Para a sociedade científica, esta opção traria, ainda, inegáveis vantagens do ponto de vista epidemiológico para os doentes, disponibilizando cobertura de anticorpos contra os agentes infeciosos mais relevantes no nosso território. Por outro lado, referem existir no mercado internacional outras alternativas de formulações para administração endovenosa ou subcutânea, cuja entrada no nosso país poderia ajudar a suprir as necessidades destes doentes.
A SPAIC indicou que está “inteiramente à disposição para colaborar com estas entidades com vista a encontrar uma rápida solução para este problema, concretamente através do desenvolvimento de ações de sensibilização junto da população”.