John Drake, diretor do Centro de Ecologia de Doenças Infeciosas da Universidade de Geórgia refere em artigo que com outros investigadores do centro tem vindo a acompanhar a COVID-19 desde meados de janeiro de 2020 e que a análise dos dados leva-o a considerar que se torna imperativa uma ação séria de combate à pandemia do coronavírus.
O investigador lembra que o Governo Federal dos EUA aprovou 8,3 mil milhões de dólares para combater a epidemia, mas considera que estes fundos adicionais não serão suficientes para deter a COVID-19.
“Devemos interromper a transmissão, o que significa proibir grandes reuniões de pessoas, fechar escolas e insistir para que as pessoas que podem trabalhar em casa o façam e continuem a fazê-lo até que a epidemia da COVID-19 termine”. Estas ações “implicam grandes custos”, mas considera o investigador são menores do que enfrentar uma grande epidemia com perda de milhares de vidas.
O surto do novo coronavírus na China está a começar a diminuir o que mostra “que e os EUA e outros países têm a oportunidade de aprender com a China”. A decisão da China de nos primeiros dias impedir movimento de pessoas em Wuhan permitiu, no entender de John Drake, atrasar a propagação.
O investigador lembra que “é importante ressaltar que, além do epicentro epidémico na província de Hubei (onde fica a cidade de Wuhan), nenhuma província chinesa teve mais de 53 casos no momento do bloqueio. Enquanto Hubei chegou a mais de 65.000 casos, a epidemia em outras províncias foi limitada a mais ou menos mil infeções”.
“Atualmente há quatro Estados (Califórnia, Washington, Nova York e Massachustts) que registam mais de cinquenta casos, enquanto muitos Estados têm menos de dez. Estados que esperam para agir até que tenham centenas de casos têm maior probabilidade de ter surtos como os de Hubei”, refere o investigador da Universidade de Geórgia.
O investigador lembra que “é tentador ‘esperar para ver’ como a epidemia progride antes de agir. Os dados mostram que não podemos dar-nos a esse luxo. A situação nos EUA é potencialmente ainda pior do que, em janeiro, na China. Particularmente, os dados nos EUA atualmente fornecem uma má imagem da dimensão real da epidemia”. Dada as limitações dos dados o investigador refere que “provavelmente temos muito mais pessoas infetadas” pelo que é “urgência de agir agora”.
Para John Drake “há duas lições importantes que vêm da China”. Os dados da China mostram que as intervenções podem ter impactos positivos significativos, e que os EUA devem agir agora. Dadas estas lições os Estados devem declarar estados de emergência e tomar as ações necessárias para proteger as pessoas. Os governos “podem fechar escolas e limitar grandes reuniões”, e através das “suas declarações e ações” exercerem “influência sobre as decisões dos cidadãos”, pois por “cada 3,8 dias que esperamos”, cada caso de infeção pode transformar-se em dez.
O investigador conclui que deve haver uma cooperação mundial para combater esta epidemia, pois “as doenças infeciosas dificilmente são limitadas por quarentenas, muito menos pelas fronteiras nacionais. A biossegurança é global e os destinos das nações estão interligados”.
EUA e outros países devem agir agora, e a China não deve desistir dos seus esforços para conter a epidemia pois a “epidemia não acabou, e atividades relaxantes de contenção podem permitir uma segunda onda de transmissão” e “isso não deve acontecer”.