A maioria das adolescentes moçambicanas está disposta a ser vacinada contra Vírus do Papiloma Humano (VPH), conclui o primeiro estudo de aceitabilidade realizado em Moçambique. Os resultados do estudo, elaborado pelo Instituto de Saúde Global de Barcelona (ISGlobal), mostram o papel fundamental dos programas de educação em saúde junto da população, sobretudo da mais jovem.
A maior taxa de cancro do colo do útero está concentrada na África subsariana, onde é a principal causa de mortalidade por cancro entre as mulheres. A introdução da vacina contra o VPH, o agente causador do cancro do colo do útero, é urgente e estratégica para atingir as metas globais de saúde.
Moçambique é um dos países com maior incidência de cancro do colo do útero, estimando-se que 40% das mulheres assintomáticas em idade reprodutiva estejam infetadas pelo VPH. Em 2013, a Aliança Mundial para Vacinas e Imunização (Gavi) financiou um programa de demonstração para a vacinação contra o HPV antes da introdução da vacina em nível nacional. O programa revê como alvo as adolescentes dos 10 aos 19 anos de idade, em três regiões do país.
O estudo recente teve como objetivo avaliar a conscientização sobre o cancro do colo do útero e a infeção pelo VPH e prever a aceitação da vacinação contra o VPH em adolescentes em três distritos de Moçambique. Os resultados do estudo mostram que a grande maioria das adolescentes, cerca de 80%, tinha ouvido falar do cancro do colo do útero e sabia que poderia ser prevenido, embora poucos soubessem sobre a infeção pelo VPH e associação deste com o cancro do colo do útero ou a importância da vacinação antes do início da atividade sexual.
O estudo mostrou também que mais de 90% das adolescentes estavam dispostas a serem vacinadas se a vacina estivesse disponível no país. Os níveis de conscientização e aceitabilidade foram maiores entre as adolescentes, onde houve campanhas de informação conduzidas como parte do programa de demonstração.
Azucena Bardají, autora principal do estudo, referiu: “Esses resultados são muito encorajadores”, e “confirmam o papel fundamental das campanhas de conscientização nas comunidades”.
Para Khátia Munguambe, autora sénior do estudo, os resultados indicam que a melhor opção para o Ministério da Saúde de Moçambique é disponibilizar a vacina na escola e complementar as estratégias da comunidade e do centro de saúde para alcançar as adolescentes que abandonem a escola.
O estudo recebeu o apoio do Governo de Moçambique, da Gavi, da Câmara Municipal de Barcelona e da Fundação Aga Khan.