Organizações ligadas ao estudo da nutrição estimam que cada pessoa adulta tenha um consumo diário em média de 13 a 25% de açúcar, quando o recomendado pela Organização Mundial da Saúde se situa entre os 5 e os 10%.
“É necessário reduzir o consumo de açúcares, tanto dos refinados como dos naturais”, referiu Adriana Gámbaro, Diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia Alimentar da Faculdade de Química da Universidade da República, no Uruguai, durante o encontro digital “Salud, Sabor Dulce y Placer: Es factible?” organizado pela Sociedade Argentina de Nutrição e pela Associação Internacional de Adoçantes (AIA), que decorreu no passado dia 2 de dezembro.
Embora a indústria alimentar tenha vindo a diminuir a quantidade de açúcar presente nos alimentos, Mónica Katz, presidente da Sociedade Argentina de Nutrição, considera que o açúcar continua a ser utilizado de forma excessiva. Em alternativa surgem os adoçantes.
“Existem muitas estruturas químicas que se parecem com o açúcar, como é o caso da sacarose, ou da sacarina, entre outras”, referiu Adriana Gámbaro. Por isso, apesar de a perceção do sabor doce ser influenciado por fatores fisiológicos, patológicos ou hábitos adquiridos, “a indústria dos adoçantes tem o potencial de facilitar um regime alimentar mais saudável, sem que a população tenha de tomar grandes decisões para alterar as suas escolhas alimentares”.
Brian Cavagnari, investigador, médico pediatra, especialista em nutrição, referiu que “a substituição de edulcorantes calóricos por não calóricos poderá ser benéfica para diminuir a ingestão de calorias, em geral, e a de açúcares, em particular”. Os adoçantes são a opção mais indicada para a perda de peso, principalmente quando se trata de pessoas com obesidade.
“Apesar de certos estudos observacionais associarem a utilização de edulcorantes sem calorias ao aumento de peso, tal não significa que estas substâncias sejam as responsáveis. Tal apenas confirma que os edulcorantes sem calorias têm uma maior probabilidade de serem consumidos por pessoas com excesso de peso. Logo, estes estudos não são capazes de demonstrar uma relação causal”, explicou Brian Cavagnari.
O investigador indicou que “os ensaios clínicos controlados, aqueles que podem mostrar causalidade, concluem que a substituição de açúcares por edulcorantes sem calorias ajuda a diminuir a ingestão de energia e, consequentemente, o peso corporal dos adultos”.
Os investigadores esclareceram que a segurança dos adoçantes de baixas calorias têm sido repetidamente avaliados e têm sido confirmada pelos órgãos reguladores e científicos de avaliação de risco em todo o mundo, como o Comité Misto FAO/OMS de peritos no domínio dos aditivos alimentares (JECFA), a agência norte-americana Food and Drug Administration (FDA) e Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).
Quando os adoçantes são utilizados em alimentos, bebidas e adoçantes de mesa, os adoçantes de baixas calorias podem oferecer às pessoas uma ampla variedade de opções de sabor doce com baixas ou nenhuma caloria.
Os investigadores consideram que os adoçantes podem ser uma ferramenta útil, quando usados no lugar do açúcar e como parte de um regime alimentar equilibrado, ao ajudar a reduzir a ingestão geral de açúcar e o consumo de calorias, bem como na manutenção dos níveis de glicose no sangue. Os adoçantes de baixas calorias também são não-cariogénicos, ou seja, não contribuem para a cárie dentária.