O Programa Internacional do Atlântico para o Lançamento de Satélites, TLANTIC ISLP, já arrancou, com a manifestação de interesse de 14 consórcios internacionais. Os consórcios submeteram propostas para colaborarem com empresas portuguesas e centros de investigação e engenharia nacionais para conceber, instalar e operar um porto espacial na Ilha de Santa Maria, nos Açores, de lançamento de satélites.
As empresas que apresentaram propostas de interesse são onde do espaço da União Europeia, duas dos Estados Unidos da América e uma da Rússia. As empresas manifestaram interesse em atuar em todo o processo associado aos serviços de lançamento de pequenos satélites para o espaço a partir dos Açores.
A iniciativa foi lançada no passado mês de setembro numa parceria entre a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e a Estrutura da Missão dos Açores para o Espaço (EMA – Espaço), com o apoio técnico da Agência Espacial Europeia, ESA.
Da análise das propostas, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (MCTES) indicou que apresentam produtos e serviços de engenharia de sistemas e software, e ainda, inovações relativas às infraestruturas terrestres, e que sete propostas compreendem soluções inovadoras de acesso ao espaço com microlançadores.
Parte da infraestrutura tem “um orçamento previsto e orçamentado pelo Governo Regional dos Açores, que é de cerca de 6 milhões de euros” indicou o Manuel Heitor, Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, na Web Summit. O Ministro esclareceu que isso vai envolver “melhorias no porto marinho, no aeroporto, nas estradas de acesso e nas terraplanagens necessárias.”
Ao investimento do Governo Regional são “adicionados os investimentos privados para a montagem de uma plataforma de lançamento” e neste caso “o custo das plataformas tem evoluído e vindo a reduzir drasticamente”, pois, esclareceu o Ministro, “estamos a falar de uma plataforma para pequenos satélites de baixo custo e sobretudo de baixo impacto ambiental.”
Manuel Heitor referiu que a plataforma no Açores é “um projeto inédito, novo e sobretudo, com a capacidade de mostrar que as novas tecnologias podem preservar o ambiente e o ecossistema único que existe nos Açores mantendo níveis de segurança muito elevados”, e no caso da plataforma, acrescentou: “Os cálculos são variados mas estamos a apontar para um investimento de cerca de 30 milhões de euros.”
O esforço de investimento “exige conjugar três variáveis diferentes: por um lado o custo por quilograma em orbita, que neste momento está estimado em cerca de 40 mil euros, mas que pode baixar até aos 15 mil euros; por outro lado a massa que se consegue por cada lançamento, pois estamos a falar em lançamentos entre 150 e 500 quilogramas, de baixas cargas, e por último o número de lançamentos por ano, estamos a falar entre 10 a 20 lançamentos por ano”.
Manuel Heitor concluiu: “É da conjugação destas três variáveis que sairá o orçamento global do programa e por isso estamos a entrar num processo negocial para poder garantir a sua construção nos próximos anos e sobretudo fazer de Portugal um centro de novas indústrias do espaço que com mais ciência conseguimos mais emprego qualificado.”
O desenvolvimento do projeto que é desenvolvido através de várias fases distintas, têm o objetivo de “estimular a criação de emprego qualificado e a alavancagem de novos projetos de índole espacial de grande valor acrescentado que poderão garantir o incremento e um novo impulso para os projetos já existentes na ilha de Santa Maria, bem como para as empresas e centros de investigação e de desenvolvimento tecnológico nacionais deste sector, posicionando o país e a região no desenvolvimento de uma nova geração de atividades espaciais com base em pequenos satélites.”
Todo o processo vai decorrer após o desenvolvimento das fases de avaliação e análise das condições de exequibilidade e dos processos contratuais, “para chegarmos a 2021 e começar efetivamente a lançar novos satélites a partir dos Açores”, referiu Manuel Heitor.
As 14 propostas de manifestação de interesse vão ser analisadas por uma Comissão Internacional coordenada por Jean Jacques Dordain, antigo diretor-geral da ESA, que irá recomendar uma lista de candidatos a convidar para participar na segunda fase deste Programa bem como os requisitos a que devem obedecer as propostas da Competitive Bidding Phase.