O recente sucesso do Pokémon GO permitiu que muitas pessoas se familiarizassem com o conceito de ‘realidade aumentada’, um perceção gerada por computador que mistura o mundo real e virtual. Até agora, as aplicações usam métodos óticos para deteção do movimento, mas uma equipa de investigadores desenvolveu um sensor magnético eletrónico ultrafino que pode ser usado na pele.
À primeira vista, os pequenos e brilhantes elementos de ouro parecem uma tatuagem moderna, mas na folha extremamente fina, quase invisível que se encaixa na palma da mão como uma segunda pele, há sensores que fornecem às pessoas um ‘sexto sentido’ para os campos magnéticos.
Os sensores permitem às pessoas manipular objetos do quotidiano como controlar eletrodomésticos no mundo físico e na realidade aumentada ou virtual com meros gestos, como é o caso do uso atual de um smartphone.
Pela primeira vez, o físico Denys Makarov do Instituto de Investigação de Física e Materiais Ion Beam do Helmholtz-Zentrum Dresden-Rossendorf (HZDR) e os grupos de investigação de Oliver G. Schmidt na IFW Dresden, e de Martin Kaltenbrunner no Soft Electronics Laboratory da JKU Linz, demonstraram que os sensores de campo magnético ultrafinos, compatíveis em combinação com um íman permanente, são capazes de detetar e processar o movimento de um corpo numa sala.
“A nossa pele eletrónica traça o movimento da mão, por exemplo, mudando a posição em relação ao campo magnético externo de um íman permanente”, explicou Cañón Bermúdez da HZDR, principal autor do estudo. “Isso não só significa que podemos digitalizar suas rotações e traduzi-las para o mundo virtual, mas também aí influenciar os objetos”. Usando esta técnica, os investigadores conseguiram controlar uma lâmpada virtual num ecrã de computador sem haver toque.
Os investigadores estabelecem um íman permanente numa estrutura de plástico em forma de anel que emula um indicador. Então, associaram o ângulo entre o sensor wearable e a fonte magnética com um parâmetro de controlo que modula a intensidade da lâmpada.
Denys Makarov esclareceu que “ao codificar os ângulos entre 0 e 180 graus de modo que correspondam a um movimento típico da mão para ajustar uma lâmpada, foi criado um dimmer – que se controla apenas com um movimento de mão sobre o íman permanente.”
Os investigadores também conseguiram usar um monitor virtual da mesma maneira. Os físicos em Dresden consideram que sua abordagem fornece uma alternativa única para interagir com o mundo físico e virtual que vai muito além do que é possível com as tecnologias atuais.
“Para manipular objetos virtuais, os sistemas atuais capturam essencialmente um corpo móvel por meios óticos”, explicou Denys Makarov. “Isso requer, por um lado, muitas câmaras e acelerómetros e, por outro lado, processamento rápido de dados de imagem, mas muitas vezes a resolução não é suficiente para reconstruir movimentos finos dos dedos. Além disso, porque são volumosos, as luvas e os óculos standards dificultam a experiência da realidade virtual”. Os sensores colocados na pele podem ser uma melhor maneira de conectar as pessoas e máquinas.
Martin Kaltenbrunner referiu: “Como as nossas folhas de polímero têm menos de três micrómetros de espessura, então as pessoas podem facilmente usá-las no corpo. Apenas por comparação: um normal o cabelo humano tem aproximadamente 50 micrómetros de espessura”.
Os sensores também podem suportar flexão, dobrar e alongar sem perder a funcionalidade. Para o investigador Oliver G. Schmidt, os sensores são adequados para serem incorporados em materiais macios e moldáveis, como os têxteis.
Denys Makarov vê uma vantagem adicional para a nova abordagem em contraste com os sistemas óticos, pois não é necessária nenhuma linha de visão direta entre o objeto e os sensores. Isto pode abrir potenciais aplicações no setor de segurança, como a manipulação de painéis de controlo em salas que estejam em situações perigosas, neste caso podem ser operados por controlo remoto através dos sensores.