Josep Borrell, Alto-Representante da União Europeia, referiu que na União Europeia não existe um consenso sobre o reconhecimento da Palestina como Estado, mas que “reconhecer ou não a Palestina como Estado é uma prerrogativa nacional dos Estados-Membros”.
No entanto, Josep Borrell referiu, em conferência de imprensa, em Madrid, que “há unanimidade na União” para “apoiar a solução baseada na construção do Estado Palestiniano”. Pois “o Estado de Israel já existe, é um Estado democrático e poderoso – economicamente falando – com uma capacidade militar também muito importante.”
Para que se possa chegar a uma solução duradoura é necessário “manter viva a perspetiva dessa solução”, e isso passa por “dar muitos passos primeiro”, em que o primeiro é “o cessar-fogo, que continua a ser negociado incessantemente.”
O cessar-fogo “se não for hoje, será amanhã”, e se não amanhã, depois de amanhã. No entanto Josep Borrell referiu: “Há pouca esperança de que isso possa ser alcançado a curto prazo, de acordo com as informações de que disponho.”
“Mas isso não nos impede de continuar a trabalhar para conseguir, em primeiro lugar, prestar ajuda à população de Gaza e continuar a pedir a libertação dos reféns. Mas também continuar a ter uma solução política em perspetiva. Embora seja claro e evidente que o governo – este governo de Israel – a rejeita”, referiu Alto-Representante da União Europeia.
A atual situação no Médio Oriente está à beira de uma escalada que pode tornar-se muito mais grave, sendo que “a situação em Gaza já é suficientemente grave” para que se possa pensar no alargar o conflito, no entanto, para Josep Borrell “as repercussões regionais continuam a ser uma possibilidade”.
Se o ataque terrorista do Hamas tem sido permanentemente condenado de forma veemente pela União Europeia o que “está a acontecer em Gaza é um horror que não é justificado pelo horror que o Hamas causou anteriormente; esse horror não justifica outro”.
Josep Borrell descreveu que esteve no posto fronteiriço fechado em Rafah, onde a União Europeia está a negociar a possibilidade de o abrir com a presença da missão que foi deslocada para a fronteira há mais de 20 anos.
No entanto, “uma coisa é saber disso e outra coisa é ver. Uma coisa é saber que há muitos camiões à espera e outra coisa é ver a fila interminável de mais de 1.400 camiões – 1.400 camiões de ambos os lados da estrada à espera de entrar (em Gaza) e por vezes à espera durante semanas.”
“Uma coisa é ouvir isso, outra coisa é ver armazéns cheios de produtos rejeitados no controlo de fronteira, entre os quais está de tudo. Sim, é francamente chocante ver montanhas de caixas de diferentes tipos de materiais. Alguns vieram de Singapura, outros do Brasil, outros da Noruega, de países europeus. Onde há de tudo, onde há caixas de primeiros socorros médicos que são rejeitadas porque dentro há umas tesouras daquelas que se usam nas farmácias para cortar as fitas (de gaze). Até mesmo sistemas de purificação de água que são rejeitados porque contêm carbono – e, claro, como é que a água será purificada sem carbono? Mesmo os sacos de dormir rejeitados por serem verdes – a cor verde, aparentemente, podem ser considerados material de uso militar”, descreveu o Alto-Representante da União Europeia.
“Veem-se caixas e mais caixas de materiais que são extremamente necessários para quem está a poucos quilómetros de distância. E, no entanto, estão detidas depois de uma longa jornada e de uma longa espera.”
Josep Borrell acrescentou: “Condenamos os recentes ataques nas chamadas “zonas seguras”. O que então, quando chega a hora, não o são, com um número absolutamente injustificado de vítimas civis”, e “ no Líbano, tal como na Cisjordânia, existe hoje o receio de que haja uma pressão ainda maior que irá gerar uma nova emigração de palestinianos – migração forçada, naturalmente – tanto na Cisjordânia como no Sinai.”