De acordo com os resultados de um estudo a nível nacional em que foram inquiridas 3.500 pessoas, 88% dos portugueses indicou que pesquisa sobre saúde na internet. O estudo sobre literacia digital em saúde revela que apenas 20% dos que pesquisam na internet considera credível essa informação.
Os dados do estudo foram hoje revelados pela Comissão de Tecnologias de Informação em Saúde, no plenário do Health Parliament Portugal, que decorreu na Fundação Calouste Gulbenkian.
Sofia Couto da Rocha, médica e presidente da comissão do Health Parliament Portugal, referiu que “a credibilidade e a quantidade excessiva de informação foram os principais problemas apontados por 78% e 38% dos participantes, respetivamente.” Na internet verifica-se que “há uma diversidade imensa de fontes de informação em saúde na internet, o famoso ‘Dr. Google’, mas a verdade é que não há uma metodologia de certificação dessas fontes”.
O estudo, da responsabilidade da Comissão de Tecnologias de Informação em Saúde do Health Parliament Portugal, revelou que metade dos participantes considera “que nem sempre a informação transmitida pelos médicos é percetível e esclarecedora”.
Mas o estudo parece ser esclarecedor quanto ao défice de informação disponível sobre saúde pelos meios tradicionais indicando que ”60% dos inquiridos admite utilizar a internet para procurar sintomas de doenças e o seu significado, 47% indica pesquisar sobre tratamentos disponíveis, 43% pesquisa informação sobre médicos e hospitais e 41% pesquisa sobre prevenção de doenças.”
O Health Parliament Portugal sobre proposta da Comissão de Tecnologias de Informação em Saúde aprovou hoje, em plenário, “a recomendação para a criação ou adaptação de um código de conduta, em Portugal, que certifique os sites e as aplicações para informação em saúde, por uma instituição competente.”
A Comissão recomendou também “a implementação de uma rede de educadores para o tema da literacia digital em saúde”, a rede deverá considerar a “intervenção dos que estão perto da comunidade, como Juntas de Freguesias e Universidades Seniores”. A rede deverá ser “suportada pelos principais stakeholders com interesse no desenvolvimento na economia digital. A recomendação foi aprovada por unanimidade.”
Outra das preocupações da Comissão, e que também mereceu a aprovação do plenário do Health Parliament, é a implementação de planos de formação obrigatórios, nomeadamente, ações de atualização recorrentes em função da evolução que se verifique nos sistemas de informação, para todos os profissionais envolvidos nos processos e sistemas de informação da saúde.
Sofia Couto da Rocha referiu a satisfação “pela aprovação unânime das recomendações da Comissão”, porque, indicou a médica: “Acreditamos que com a sua implementação vamos conseguir contribuir para melhorar os índices de literacia digital em saúde, e assim, promover a autonomia do cidadão para a tomada de decisões em saúde”.
O estudo desenvolvido pela Comissão de Tecnologias de Informação em Saúde do Health Parliament Portugal sobre literacia digital em saúde envolveu 3.500 utentes do Serviço Nacional da Saúde. “O Health Parliament é composto por 60 pessoas, entre os 21 e os 40 anos, e tem como objetivo refletir sobre o futuro da saúde em Portugal e produzir recomendações.”