A peça “2084: O Triunfo sobre os Porcos”, imaginada, escrita e encenada por Jorge Castro Guedes vai estrear-se, no sábado, dia 9 de fevereiro, pelas 21h30, no Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery. A peça pretende apenas levar o espectador a refletir sobre o caminho que o mundo está a levar – rumo a um futuro dominado pela tecnologia, no qual será possível (talvez) encomendar bebés com orelhas de canguru (entre outras bizarrias).
De feição distópica e marcadamente orwelliana, a peça transporta-nos para lá do ano de 2084, no qual a morte se tornou um tabu, graças à crença na eternidade proporcionada pelos avanços biónicos. Os poucos serviçais que restam serão em breve substituídos pelo último grito da inteligência artificial e apenas uns quantos “caídos” manterão acesa a chama dos valores éticos da humanidade, apesar da perseguição de que são alvo.
Com interpretação de Rui Spranger, Sandra Salomé, Filomena Gigante e Daniela Jesus, “2084: O Triunfo sobre os Porcos” é servido por uma estética ousada e “exquisita”, conforme a define o autor do texto e da encenação, na qual se misturam técnicas da biomecânica meyerholdiana, diálogos surrealizantes e carregados de neologismos, e palavras de carácter conotativo e dúplice, como só a língua portuguesa autoriza.
Tributária dos célebres romances “1984” e “A Quinta dos Animais”, ambos de George Orwell, mas também de “O Fim do Mundo”, de Boualem Sansal, a peça de Castro Guedes combina a tragédia distópica com o humor dos irmãos Marx e o cinismo de Sacha Guitry, servida por personagens como os irmãos Apolo e Rasputina, ou como Hedónica, a viúva do general Daesh.
Antes do início da peça é inaugurada uma micro exposição de desenhos do Mestre Henrique Silva e é apresentado o livro “2084: Reflexos e Reflexões sobre uma Distopia”, Com origem no trabalho de criação da peça. No domingo, 10 de fevereiro, pelas 16 horas, o Teatro Municipal de Matosinhos-Constantino Nery acolherá ainda um debate sobre o livro e a peça, com a participação de Luísa Branco Vicente, Jorge Bateira, Jorge Cunha e Jorge Castro Guedes.