‘150 Milhões de escravos’ é um espetáculo que cruza temas e autores do neorrealismo para trazer a debate problemas sociais gravíssimos como a exploração de mão-de-obra infantil.
A coprodução Teatro da Trindade INATEL e Teatro da Terra, com direção de Maria João Luís, coloca em destaque os 150 milhões de menores que, segundo a Amnistia Internacional, são hoje vítimas de trabalho infantil.
Maria João Luís descreve que “a ideia de trabalhar o neorrealismo, nasce de uma vontade própria”, dado que “tendo sido nascida e criada na lezíria ribatejana”, esta conheceu “bem de perto os protagonistas das obras de Soeiro e Redol.”
“Passados muitos anos”, indica no texto Maria João Luís: “senti a necessidade de ‘voltar à terra’, à minha infância e adolescência. Ao mesmo tempo, nessa viagem de retorno cruzei-me com este que foi o movimento neorrealista português – A luta dos pobres. As gentes da lezíria, os operários da fábrica em Alhandra, os avieiros, os esteiros, os telhais, os campinos, os capatazes, os latifundiários, os ciganos, etc.; uma comunidade socialmente rica e digna de análise, como o fizeram tão bem Soeiro Pereira Gomes e Alves Redol (Alhandra e Vila franca de Xira).”
A diretora de ‘150 Milhões de escravos’ acrescenta: “Em Almada, começámos esta viagem pelo neorrealismo com ‘O Cravo Espanhol’ de Romeu Correia, que levámos a Ponte de Sor, Castro Verde, Setúbal, Alverca, Seixal e Leiria; passamos em ‘Gândara’ de Carlos de Oliveira e o seu ‘Finisterra’ e acabamos em Alhandra nos telhais dos ‘Esteiros’ de Soeiro Pereira Gomes. A adaptação pretende trazer esta obra para a contemporaneidade, transportando as crianças trabalhadoras dos telhais e jovens operários para os dias de hoje. Quem são hoje os filhos dos homens que nunca foram meninos?”
Teatro da Trindade:
‘150 Milhões de escravos’, M14
Sala Eça
De 11 a 28 janeiro, de quarta a sábado às 21h30, domingo às 16h30
Conversa com Público: dia 21 janeiro.
Ficha Artística
Encenação: Maria João Luís
A partir de: “Em Homenagem aos nossos empregados” de Mickael de Oliveira, “A Gaivota” de Anton Tchékhov e “Esteiros” de Soeiro Pereira Gomes
Com: Beatriz Godinho, Catarina Rôlo Salgueiro, Emanuel Arada, Ivo Alexandre, João Saboga, José Leite, Hélder Agapito, Lígia Soares e Teresa Sobral.
Cenografia: Ângela Rocha
Vídeo: Inês Oliveira
Movimento: Paula Careto
Desenho de som: José Peixoto
Desenho de luz: Pedro Domingos
Assistência de encenação: Catarina Rôlo Salgueiro
Direção de produção: Pedro Domingos
Coprodução: Teatro da Trindade INATEL e Teatro da Terra
Parceiros: Câmara Municipal de Ponte de Sor, Museu do Neorrealismo