No dia 17 de janeiro de 2024, os palestinianos na Faixa de Gaza continuaram a estar submetidos a intensos bombardeamentos israelitas aéreos, terrestres e marítimos, que resultaram em mais vítimas civis e destruição. Também se continuaram a verificar disparos de rockets por grupos armados palestinos, a partir de Gaza.
O Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) indica que continuaram a ser relatadas operações terrestres e combates entre forças israelitas e grupos armados palestinianos em grande parte de Gaza.
Em 17 de janeiro, o Secretário-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) repetiu o seu apelo a um cessar-fogo humanitário imediato em Gaza.
Entre as tardes de 16 e 17 de janeiro, terão sido mortos 163 palestinianos e outras 350 pessoas ficaram feridas, como indicado pelo Ministério da Saúde de Gaza. Assim, entre 7 de outubro de 2023 e as 12h00 de 17 de janeiro de 2024, pelo menos 24.448 palestinianos foram mortos em Gaza e 61.504 palestinianos ficaram feridos, de acordo com a mesma fonte.
Entre 16 e 17 de janeiro, e como foi divulgado pelas militares israelitas, três soldados israelitas terão sido mortos em Gaza. Assim, e de acordo com a mesma fonte, desde o início da operação terrestre, 191 soldados foram mortos e 1.152 soldados ficaram feridos em Gaza.
Em 17 de janeiro, os serviços de telecomunicações em Gaza permanecem cortados pelo quinto dia consecutivo, desde 12 de janeiro. Devido à falta de comunicações o acesso a novas informações é limitado. Esta é a sétima vez desde 7 de outubro de 2023 que as comunicações deixam de funcionar, impedindo as pessoas em Gaza de terem acesso a informações que lhes permitam salvar a vida, como seja, chamar os socorristas, e impede as respostas humanitárias.
A partir de 15 de janeiro, que a conduta de água de Deir al Balah, com uma capacidade de perto de 17.000 metros cúbicos de água por dia, deixou de funcionar, e está a necessitar de reparação urgente. Os técnicos dos setores da água, higiene e saneamento estimaram que as reparações podem demorar até quatro semanas, desde que o acesso seja garantido em segurança e com os fornecimentos de recursos necessários para as reparações. Apenas uma das três condutas de água de Israel para Gaza, localizada no sul, está atualmente a funcionar.
Entre 16 e 17 de janeiro, a área de Khan Younis terá sido alvo de intensos bombardeamentos, com intensos combates no terreno, tendo sido registadas muitas vítimas. Edifícios residenciais, um cemitério e hospitais constam da lista de infraestruturas civis afetadas pelos combates.
No dia 16 de janeiro, por volta das 18h30, as imediações do Hospital Al Amal em Khan Younis foram atingidas e o edifício sofreu graves danos. O relato é de pânico entre pacientes, equipas médicas e pessoas deslocadas internamente. No entanto, não foram relatas vítimas.
Em 16 de janeiro, por volta das 22h20 em diante, bombardeios contínuos de artilharia atingiram as proximidades do Complexo Médico An Nasser, com algumas munições caindo dentro do complexo e nenhuma vítima relatada.
Em 17 de Janeiro, o Exército Jordano, citado nos meios de comunicação, divulgou que o seu hospital de campanha em Khan Younis foi gravemente danificado e um dos seus membros do pessoal e um paciente ficaram feridos, no meio de bombardeamentos das forças israelitas na área. As autoridades israelitas negaram terem atingido o hospital e que foram os próprios palestinianos que atiram de dentro do complexo hospitalar.
No dia 17 de janeiro, terão entrado 225 camiões carregados com alimentos, medicamentos e outros fornecimentos na Faixa de Gaza através das passagens de Rafah e Kerem Shalom. De acordo com as agências humanitárias, desde a abertura da passagem de Kerem Shalom, quase 22% dos camiões de ajuda passaram por Kerem Shalom.
Em 17 de janeiro, 11 palestinianos, incluindo duas crianças, foram mortos em duas operações militares nas províncias de Nablus e Tulkarm, na Cisjordânia. Nove dos palestinos, incluindo duas crianças, foram mortos em ataques aéreos e as outras duas pessoas foram mortas com munições reais.
Hostilidades e vítimas na Faixa de Gaza
O fecho das comunicações limitou a comunicação completa dos incidentes. No entanto, encontram-se entre os incidentes mais mortais relatados entre 16 e 17 de janeiro, os seguintes:
■ No dia 16 de janeiro, ao longo do dia, 23 palestinianos teriam sido mortos quando cerca de 12 praças residenciais foram atingidas em vários locais no centro, oeste, sudeste e leste de Khan Younis.
■ No dia 16 de janeiro, por volta das 13h40, uma mulher e a sua filha teriam sido mortas quando um grupo de palestinianos foi atingido a oeste de Rafah.
■ No dia 16 de janeiro, à tarde, pelo menos 20 corpos de palestinianos mortos foram alegadamente recuperados dos escombros de edifícios destruídos nas áreas dos campos de Al Maghazi e An Nuseirat.
■ No dia 16 de janeiro, por volta das 14h35, oito palestinianos, incluindo duas raparigas, teriam sido mortos e dezenas de feridos quando uma casa foi atingida e destruída perto da mesquita de Al Abrar, entre o campo de Al Haboura e o campo de Yabna, no centro de Rafah.
■ No dia 16 de janeiro, à noite, sete palestinianos teriam sido mortos quando um edifício residencial foi atingido no bairro de An Nasmawi, adjacente ao Complexo Médico Nasser, a oeste de Khan Younis.
■ Em 17 de janeiro, por volta das 7h00, as proximidades da escola Tariq bin Ziyad, a oeste de Khan Younis, foram atingidas. Sete corpos de palestiniano teriam sido recuperados após o ataque.
■ No dia 17 de janeiro, por volta das 7h00, as forças israelitas retiraram-se das proximidades do Hospital Nasser, em Khan Younis. Relatórios iniciais e imagens de vídeo mostram que grande parte do cemitério de Al Namsawi foi destruído e as sepulturas vazias, levando a crer um suposto desaparecimento de alguns cadáveres.
Deslocação da população na Faixa de Gaza
Em 17 de janeiro, o Comissário Geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA na sigla em inglês), Philippe Lazzarini, declarou: “No sul, em torno de Rafah, surgiram por todo o lado, incluindo nas ruas, estruturas improvisadas de coberturas de plástico, com pessoas a tentarem proteger-se do frio e da chuva. Cada um desses abrigos frágeis pode abrigar mais de 20 pessoas.”
Philippe Lazzarini acrescentou: “Rafah está tão congestionada que mal se consegue conduzir um carro no meio do mar de gente… Em Deir al Balah, na zona central… Ouvi histórias de mulheres que abriram mão de comida e água para evitarem ter de usar casas de banho pouco higiénicas. Doenças de pele e piolhos são abundantes e as pessoas afetadas são estigmatizadas. As pessoas lutavam por comida e medicamentos durante o dia, sentindo frio e humidade durante a noite… Há muito pouca informação sobre o norte da Faixa de Gaza, uma vez que o acesso à área permanece altamente restrito.”
Em 11 de janeiro, e de acordo com a UNRWA, estimava-se que 1,9 milhões de pessoas, ou quase 85% da população de Gaza, estavam deslocadas internamente, incluindo muitas que foram deslocadas várias vezes, uma vez que as famílias são forçadas a deslocar-se repetidamente em procura de segurança.
Quase 1,4 milhões de deslocados internos estão abrigados em 154 instalações da UNRWA em todas as cinco províncias, incluindo 160 mil no norte e na cidade de Gaza; as instalações excedem em muito a capacidade pretendida.
Um total de 1,78 milhões de deslocados internos estão a receber assistência da UNRWA. A província de Rafah é o principal refúgio para os deslocados, com mais de um milhão de pessoas comprimidas num espaço extremamente sobrelotado, na sequência da intensificação das hostilidades em Khan Younis e Deir al Balah e das ordens de evacuação dos militares israelitas.