A Europa é o maior produtor mundial de dados científicos, refere a Comissão Europeia, mas não possui infraestrutura que permita armazenar e explorar plenamente o grande volume de dados produzidos e necessários ao trabalho de “1,7 milhões de investigadores e a 70 milhões de profissionais dos setores da ciência e da tecnologia, na Europa”.
Para Carlos Moedas, Comissário responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, citado em comunicado, a nuvem europeia para a ciência aberta irá permitir “melhorar a eficiência e a produtividade científica e de permitir que milhões de investigadores partilhem e analisem os dados da investigação num ambiente seguro, transversal a todas as tecnologias, disciplinas e fronteiras”.
O sistema de computação em nuvem que a CE pretende criar “assentará numa infraestrutura de dados europeia, que utilizará as redes de banda larga, as estruturas de armazenamento em larga escala e a capacidade dos supercomputadores, necessárias para aceder facilmente aos grandes volumes de dados armazenados em nuvem e processá-los”.
Para este novo sistema de computação e armazenamento em nuvem a CE prevê um investimento ao longo dos próximos 5 anos de 6 mil e 700 milhões de euros, dos quais, 2 mil milhões de euros será financiamento comunitário do programa Horizonte 2020 e os restantes 4 mil e 700 milhões de Euros oriundos de investimento público suplementar e de investimento privado.
Com este investimento de suporte à iniciativa a Comissão Europeia pretende que a Europa passe a dispor das condições para “competir a nível mundial no domínio da computação de alto desempenho, em consonância com o seu potencial económico e de conhecimentos”.
Para Günther H. Oettinger, Comissário responsável pela Economia e Sociedade Digitais, a Comissão Europeia pretende até 2020 ocupar “um dos três primeiros lugares mundiais em computação de alto desempenho”. E também, posicionar-se na exploração “potencial das tecnologias quânticas, que prometem resolver problemas informáticos para além dos limites dos atuais supercomputadores”.
A ‘nuvem’ europeia irá, considera a CE, “facilitar o acesso e a reutilização de dados pelos investigadores e inovadores e reduzirá o custo do armazenamento de dados e das análises de elevado desempenho” e, indica o Comissário Günther H. Oettinger, permitirá à Europa “usufruir plenamente dos grandes volumes de dados, oferecendo uma capacidade de supercomputação de craveira mundial, conexões de alta velocidade e serviços de dados e de software de ponta para a ciência, a indústria e o setor público”.
A ‘nuvem’ europeia que na fase inicial será centrada na comunidade científica, “será alargada, ao longo do tempo, ao setor público e à indústria”, e assim, “contribuir para estimular a competitividade da Europa, beneficiando as empresas em fase de arranque, as PME e a inovação baseada nos dados, nomeadamente no campo da medicina e da saúde pública”.
O plano de desenvolvimento da ‘nuvem’ começa em 2016, com “a integração e consolidação das plataformas de infraestruturas eletrónicas, da agregação das atuais nuvens científicas e infraestruturas de investigação, assim como do apoio ao desenvolvimento de serviços baseados na computação em nuvem”.
Em 2017 está prevista a “abertura, por princípio, de todos os dados científicos produzidos por futuros projetos, no âmbito do Programa-Quadro de Investigação e Inovação Horizonte 2020 para garantir que a comunidade científica possa reutilizar o enorme volume de dados gerados”.
Para 2018, a CE prevê lançar “uma iniciativa emblemática para acelerar o desenvolvimento das incipientes tecnologias quânticas, que estão na base da próxima geração de supercomputadores”.
Em 2020, está prevista que a infraestrutura europeia de computação de alto desempenho, armazenamento de dados e redes, esteja a satisfazer as necessidades, quer dos investigadores, quer das empresas e dos serviços públicos.
A CE prevê vir a adquirir até 2020 “dois protótipos de supercomputadores da nova geração (um dos quais figuraria entre os três primeiros do mundo)”, criar “um centro europeu de grandes volumes de dados”, bem como melhorar a “rede de base de investigação e inovação (GEANT)”.