Existem ensaios e oportunidades que não podemos desperdiçar. E este era um deles. Ter nas mãos o Toyota Yaris GRMN (Gazoo Racing Masters of Nürburgring) que celebra o regresso da marca ao campeonato do mundo de ralis, 17 anos depois da última participação.
O 1.8L, 212 cv, com 400 unidades existentes em toda a Europa, vendidas em 30 dias (Portugal ficou com três), afinação no circuito de Nürburgring, na Alemanha. Era este o ensaio que nos esperava durante 3 (ótimos) dias.
Esteticamente – mas também por questões de performance e comportamento – várias alterações são visíveis face às restantes versões da gama e, começam logo pelas riscas vermelha e preta na carroçaria, pela grelha moldada em favos de mel e bem mais encorpada que a versão “normal”, pelas Jantes BBS de 17”, os bancos desportivos dianteiros exclusivos do modelo em ultrasuede (uma microfibra inventada em 1970 pelo cientista Dr. OKAMOTO), pinças de travão da Gazoo racing, discos dianteiros perfurados, spoiler traseiro, difusor traseiro, escape central traseiro, chassis reforçado, barra extra entre as torres da suspensão, volante e painel interior redesenhados e os já habituais elementos de segurança como, aviso de saída de faixa de rodagem, controlo de estabilidade (VSC), controlo de tração (TRC), controlo de arranque em subida (HAC), luzes de máximos automáticas, reconhecimento de sinais de trânsito, sistema de pré-colisão, travões de disco traseiros e o recurso a um compressor Magnusson Eaton, com transmissão dianteira e velocidade eletronicamente limitada a 230 Km/h.
Para começo de ensaio e olhando para o compartimento do motor, percebe-se que existiu muito trabalho dos engenheiros para garantir que o conjunto, motor e compressor, pudessem ficar contidos no exíguo espaço dianteiro do Yaris.
Todas estas soluções atrás enumeradas conduziram aquilo que a marca anuncia como “potência, performance e precisão”. E não é só marketing como tivemos oportunidade de comprovar.
Os bancos acolhem-nos na perfeição, o espaço que parece exíguo – mas não o é, nem mesmo no banco de trás – coloca-nos na posição ideal para clicar no botão de start e ouvir o “ronco” do YARIS que, com os vidros abertos cativa e, com os vidros fechados se intromete no interior, na justa medida onde a sonoridade ainda é um encanto.
O arranque faz-se de modo enérgico e determinado, ajudado pelo compressor e sem o delay típico do turbo, fruto dos 212cv e de uma relação peso potência excelente; o som emanado a cada metro convida a um andamento vivo, mas é sobretudo o modo como o Yaris “lê a estrada” e enfrenta com precisão as curvas que, demonstra o grande trabalho de desenvolvimento do modelo, ajudando pelo diferencial autoblocante Torsen no eixo de tração.
Torna-se também curioso que nesta década, onde a Toyota aposta na hibridização da marca, esta vem-nos recordar que continua a saber construir belíssimos exemplares desportivos.
Certo é que os 3 dias do ensaio foram curtos. A vontade era sempre o de explorar novos caminhos curvilíneos, perceber os limites do Yaris, colocar à prova o chassis e excelente comportamento do modelo, a eficácia da suspensão rija e desportiva, a rapidez com que acelera e trava, a precisão que entra e sai de uma curva. E isso foi notório!
E se pensa adquirir o YARIS, o melhor é esperar e inscrever-se na lista de espera, num modelo que, em andamento calmo (quase impossível!!) consome 5,2l e, em andamento vivo, consome o necessário combustível proporcional à adrenalina que proporciona ao condutor e que necessita de cerca de 40.000€ para o retirar do stand.
Será seguro afirmar que a marca encontrou um novo segmento de mercado. Um carro de coleção, um novo clássico. E já se conhece a resposta da Toyota com outros GRMN na forja.