Sabemos da enorme importância do segmento onde se insere o Renault Megane. Os concorrentes são vários: Opel, VW, Ford, Kia, Hyundai, Honda, Mercedes, BMW…., e o pódio para o líder joga-se muitas vezes nos detalhes, mas também, e cada vez mais, hoje em dia, no Customer Journey que cada marca pratica com o cliente ou potencial cliente.
Não podemos descurar, nos dias de hoje, dois fatores essenciais na relação da marca com o cliente. Hoje, este já tem uma ideia formada e abrangente da viatura que pretende adquirir, normalmente pelo conhecimento que retira da Internet e dos vários blogs, sites ou influenciadores digitais. Um outro fator é a relação que a marca soube estabelecer com o seu cliente para o manter na marca e como geriu a relação com o potencial cliente que se quer ligar à marca. Fatores hoje muitas vezes mais importantes que amplas campanhas de marketing e comunicação.
Dito isto, as marcas, sejam elas quais forem, tentam nos seus novos produtos surpreender o cliente, diferenciando-se da concorrência. E é aqui que a Renault também entra no jogo.
Em termos estéticos a marca mantém uma linha consistente face ao primeiro Megane, aproximando-o das soluções atuais em termos de design, mas coerente com o produto que lançou inicialmente. Daí que conseguimos reconhecer um modelo bem desenhado, esteticamente bem conseguido e que tem cativado cada vez mais seguidores. Se outras marcas alemãs apostam no classicismo das linhas, a Renault inova, criando um produto que se destaca no meio do trânsito, sem que, com isso, desvalorize a robustez e dinamismo que impõe nos seus produtos.
Ciente que a concorrência é forte, este Megane surge com uma nova plataforma, maiores dimensões, maior espaço interior e algumas novidades tecnológicas. Já no interior, o Megane não seguiu uma tendência de design disruptiva mas sim alinhada com as boas práticas do setor, dito de outro modo, com um desenho do tablier clássico, robusto e intemporal. Nada de grandes figuras geométricas ou afins, que ao fim de poucos meses começam a cansar o cliente. Hoje, este procura experiências e o grande ecrã gigante – muito ao estilo Tesla – faz parte dessa inovação – bem incorporado no tablier e que elimina a vasta proliferação de botões pelo habitáculo. O ecrã de boa leitura e usabilidade, contém toda a informação do automóvel e é de utilização simples, prática e intuitiva. A zona do apoio de braços muito linear e apelativa com espaço suficiente para albergar telefones e carteiras mas também acolher bem o braço para uma relaxante posição de condução. A exemplo de outras marcas, a Renault potencia o uso de iluminação interior personalizada nas portas, painel de instrumentos e painéis do ecrã gigante. Mais uma vez – e é genérico nas outras marcas automóveis – a aposta na personalização de modo a conseguir servir o cliente mais tradicional e o mais irreverente, o cliente jovem e menos jovem.
Para este ensaio esperava-nos a sigla GT Line e, com isso, uns bancos envolventes, com excelente apoio lateral que, alinhado com os pedais e o volante com ótima pega indiciavam um ensaio expedito.
E, de facto, as primeiras impressões em estrada denotam que este é um Mégane diferente. O motor é o 1.6DCI com 130 Cv (podendo-se alterar os vários modos de condução, desde o Confort ao Sport, com efeitos práticos imediatos) e, se inicialmente se sente um ligeiríssimo gap antes da entrada do turbo, a partir daí, fica a noção que existem mais Cv do que os declarados 130cv. Mas, a grande diferença está no comportamento. Se, em estrada e autoestrada se nota o trabalho dos engenheiros na insonorização, no comportamento em curva, no conforto (mesmo nesta versão), na precisão da direção, é quando vamos para estradas serpenteantes, como a zona do Guincho, Arrábida ou mesmo Monsanto que percebemos que existe muito know-how transportado da Renault Sport e da experiência da marca em competição na afinação de chassis e suspensões. O GT Line, convida-nos, curva a curva, reta a reta, a extrair o melhor dele mesmo. Mas é sobretudo na precisão da entrada em curva, na leitura que faz da estrada e na segurança que nos incute em cada curva que ele se afirma como um devorador de curvas em total segurança. E, depois de conduzirmos em modo mais acelerado ele brinda-nos com um pequeno apetite de 6,4l/100km (4.3litros em andamento regular).
Em resumo, a Renault está de parabéns com esta sua nova versão do Megane, pois construiu um modelo que se revela confortável e desportivo, com um comportamento de referência, consumos comedidos, extensa lista de equipamento, mas sobretudo um modelo que alinha pela concorrência em termos de qualidade de montagem e construção, robustez e comportamento de referência.
Preço: 31.300 euros.