No início de 1980 foi lançado o Renault 5 e, em 1987 surge a segunda fase do mesmo modelo com o Renault 5 GT Turbo com 120cv e motor 1.4. Volvidos todos estes anos surge um aprimorado Clio com um motor mais curto – 1.3 – e com 130cv. E não é um acaso que começo o artigo por esta introdução pois é demonstrativo da evolução dos motores mas também do Clio que fomos ensaiar.
Neste Clio, sucessor do Renault 5, este possui três modos de condução Multi-sense, eco… e sport. E, se nos modos “normais” a sua resposta e desenvoltura já se notam, quando mudamos para sport – o escape também nos faz lembrar que temos algo mais debaixo do pé – percebemos a rapidez com que tudo se processa, com muitos cavalos que o eixo dianteiro tenta explorar, com uma dinâmica mais incisiva da direção e uma resposta pronta do acelerador, empurrada por um motor sempre muito disponível.
Nota-se neste modelo que o comportamento foi refinado e trabalhado na Renault, a entrada em curva é hoje mais precisa que no modelo anterior (os bancos com excelente apoio lateral ajudam a conter os exageros na condução) e a suspensão digere bem a resposta do motor (assim como o conforto) e, quando exageramos temos a eletrónica para resolver a situação.
É verdade! Com tudo isto nem me lembrei de falar da estética, do interior e dos materiais. Vamos a isto!
Mesmo com a crescente moda dos SUV, o Clio ainda continua a ser o modelo mais vendido em Portugal com mais de 10.000 unidades vendidas e com uma aproximação clara do Captur numa terceira posição com 7.000 unidades, sendo que esta atualização vem dar um novo fôlego ao modelo e à marca. E, com justiça podemos afirmar que a Renault soube manter a identidade do modelo, atualizá-lo nos detalhes que marcam a nova identidade da marca. Uma grelha pronunciada, para-choques “robustos”, entradas de ar inferiores, vários frisos a emoldurar o Clio, moldura luminosa em led e, na traseira, uns faróis horizontais que “casam” muito bem com uma personalidade mais dinâmica e desportiva que se tentou passar neste novo modelo. Ah! Aqui a ponteira de escape não é apontamento estético, com o ruído emanado a convidar a “puxar” pelo Clio.
Se o exterior está hoje alinhado com o mercado automóvel, o interior é espaçoso para 4 pessoas – na traseira não precisamos encolher as pernas – mas é nos bancos da frente que sentimos as maiores diferenças. As bacquets possuem excelente apoio lateral e não roubam espaço interior. Percebe-se um incremento da qualidade dos materiais, nos vários plásticos moles dispersos pelo painel de bordo e portas dianteiras, na inclusão do painel de instrumentos digital com 10 polegadas e sistema de navegação e no novo ecrã central multimédia com 9.3 polegadas em posição vertical e que faz recordar um tablet. Evidência para uma melhoria da segurança na utilização deste ecrã pois o mesmo fica ao nível da posição dos olhos e não abaixo da linha da estrada.
O modelo possui vários sistemas de ajuda à condução que o tornam bastante mais seguro – uma clara tendência das marcas, em todos os segmentos onde possuem automóveis – que se saúda e onde será interessante perceber se em 2020 o numero de acidentes na estradas irá diminuir, dado que todos estes sistemas evidenciam uma clara melhoria da segurança na estrada, como o aviso de saída de faixa de rodagem, alerta de colisão com o veículo da frente, sistema de alerta de viatura no ângulo morto, cruise control inteligente com distância fixa para o veículo da frente, sistema de mãos livres, etc.
Por fim uma referência ao consumo que se situou nos 6.3 litros de média. Em resumo, a Renault soube manter a identidade do modelo, acrescentar-lhe valor, melhorar os pontos menos favoráveis e alavancar outros (como p.ex a qualidade dos materiais e a qualidade de vida a bordo) por forma a mantê-lo na lista de viaturas mais vendidas por mais anos. Refira-se que os concorrentes neste segmento surgem na terceira posição – Captur – e na quinta posição (Citroen C3 com metade de unidades vendidas face ao Clio – 5.700).
Uma referência para a caixa automática EDC de 7 velocidades, que explora muito bem as capacidades do motor e para as patilhas no volante que convidam a ritmos mais desportivos, quando necessário.
Preço base 23.900€ a que se juntam outros elementos na unidade ensaiada como pintura metalizada, pack de câmaras, entre outros que elevam o preço para os 26.500€