Desde que em 2010 a Nissan se aventurou no caminho dos elétricos até ao dia de hoje muito mudou. A concorrência é cada vez maior, surgem diariamente novas soluções tecnológicas, aumenta a pressão do cliente por novas soluções, o cliente está cada vez mais informado e o acesso à informação aumentou exponencialmente. Por alguns destes motivos a Nissan não podia ficar alheia sabendo que é também responsável pelo maior número de vendas de um modelo elétrico na Europa no primeiro semestre de 2018. Razões mais que suficientes para compreender o motivo deste interesse no LEAF.
Consciente dos desafios atuais e do feedback dos clientes a Nissan optou por tornar o visual do novo LEAF mais próximo dos modelos atuais a combustão e, essa alteração, pode fazer toda a diferença nos dias de hoje. Hoje, olhamos para o LEAF e reconhecemos nele a identidade Nissan onde somente os vários frisos azuis o diferenciam e remetem para o “elétrico” da marca. E, se a estética é o atributo visual mais notório, outros existem tão ou mais importantes que resultam do forte investimento em I&D da marca: o Pro Pilot e o e-pedal. Mais adiante já abordaremos este tema.
Agora é tempo de visitar o interior e verificar que o LEAF é exatamente o que se espera de um automóvel. Bem construído, bem desenhado, com uma ergonomia bem conseguida, uns bancos que nos acolhem (ligeiro apontamento em alcântara e o resto em pele) e onde somente o estilizado comando da caixa denota que estamos num elétrico. O espaço é amplo em todos os domínios e é portanto o momento de o experienciar e compreender o motivo da elevada aceitação pelo consumidor.
Como seria de esperar, o arranque processa-se em silêncio total onde só é audível o ruído dos pneus – agora muito mais atenuado que na versão anterior – (em marcha atrás, o LEAF emite sinal sonoro audível por causa dos peões).
O Leaf possui dois modos de condução – o ECO e o Normal – e, se o primeiro nos permite rolar com total suavidade, o segundo coloca alguma desportividade na condução, tirando maior partido da potência de 150Cv do motor (mas também provocando uma maior descarga das baterias). O facto das baterias estarem colocadas ao longo da extensão do veículo torna o comportamento do LEAF muito competente e previsível.
Mas é quando se utiliza o e-pedal que reaprendemos a conduzir, onde através do pedal do acelerador conseguimos acelerar e ao ir retirando o pé do mesmo, o LEAF vai travando, até à sua imobilização total. Um dispositivo muito interessante que nos habituamos a usar e abusar tal o mérito do sistema.
Já o Pro Pilot assegura-nos viagens seguras e tranquilas, pela leitura correta que faz da estrada, mantendo o LEAF no trajeto correto – com boa leitura das faixas de rodagem ao longo de quase todos os trajetos (somente curvas muito pronunciadas e rotundas é que este e outros sistemas de outros construtores ainda não estão parametrizados para essa situação), gerindo a distância para o veículo da frente. Em todos estes sistemas existe a obrigatoriedade de manter a mão no volante.
O sistema de carregamento do LEAF faz-se na dianteira e, curiosamente, o ensaio decorreu sobre forte chuva e nunca me recordei de estarmos a lidar com eletricidade sempre que o coloquei à carga, sendo possível controlar o carregamento através do automóvel ou numa APP (até mesmo podemos parametrizar a hora de inicio do carregamento, ou ligar a climatização antecipadamente). O futuro é já agora!
Não podia finalizar sem duas ou três notas. Uma, para o excelente sistema de som e para a insonorização do modelo. Sobre a autonomia, diria que tudo aconteceu neste fim de semana de imensa chuva para testar a autonomia do LEAF. Só por uma vez consegui o carregamento total do LEAF e de facto atingi mais de 240kms de autonomia sem qualquer problema. Mas, curiosamente e, por três vezes, carreguei nos carregadores elétricos do Parque das Nações tendo constatado a variedade de situações: viaturas elétricas vários dias a ocupar o mesmo lugar, todo o dia, impossibilitando o carregamento de outros utilizadores; vários postos avariados, várias viaturas não elétricas a ocupar os lugares dos elétricos e por fim, alguns dos postos ativos que não funcionavam corretamente. É importante que os responsáveis pela “eletrificação” da rede, acompanhem o enorme investimento que construtores como a Nissan fizeram e disponibilizem soluções reais e eficientes para o carregamento das viaturas e sustentada por uma fiscalização dos mesmos, pois existe cada dia maior sensibilidade ambiental do consumidor e exponencial venda de viaturas elétricas. De notar também que deve-se começar a equacionara obrigatoriedade de soluções de carregamento ao nível das novas habitações e a opção da wallbox na garagem para automóvel e bicicleta. Uma ultima nota, para a cordialidade e cooperação existente entre os utilizadores de veículos elétricos e onde a palavra educação, rima com respeito e ajuda. Digno de registo!
E, foi assim que compreendemos os motivos mais que evidentes porque o Nissan LEAF vende. Não porque é uma moda a eletrificação, mas porque simplesmente a marca investiu há uma década para hoje apresentar argumentos suficientes para esta liderança.
Preços: Entre os 32.000€ e 38.000€ (versão ensaiada TEKNA)