Recordando um pouco o anterior ensaio (ao Renault Megane), foquei-me ao início no tema e importância que o marketing tem hoje nas nossas vidas. E, o ensaio desta semana reflete novamente tal situação.
As marcas alemãs souberam – e bem – capitalizar para si mesmas o carimbo do premium, da qualidade de construção, do rigor, entre muitos outros fatores. E isso foi conseguido não somente com uma aposta clara no design, na aproximação das marcas ao desporto motorizado, nas parcerias com eventos desportivos – como o golfe, o ténis – mas também com os influenciadores ou embaixadores da marca. É correto também afirmar que estas marcas alemãs construíram parte da sua notoriedade e posicionamento também com produtos de qualidade (embora muitas vezes com grandes erros de casting iniciais, como na eletrónica, no motor, nos injetores, que deram origem a muitos recalls).
E depois existem outras marcas como a MAZDA que tiveram de trilhar essa ‘escadaria’ para conseguir competir neste segmento, que não é fácil, pois na mente do consumidor há 3 ou 4 marcas premium. E desconstruir este ‘castelo’ não é simples.
Dito isto, o MAZDA 6 é sem dúvida um exemplo de um produto de qualidade que tem argumentos para competir, em igualdade de oportunidades com a armada alemã. As suas linhas são cada vez mais europeizadas, esteticamente bem conseguidas, com uma perceção de rigor e solidez a todas as provas. A frente surge muito bem conseguida e a traseira segue-a nesses atributos. As formas angulosas deram origem a um conjunto harmonioso onde as cavas das rodas salientes e o desenho da grelha vincam a desportividade do modelo. Pessoalmente – e é por isso discutível – procuro nos faróis traseiros uma simplicidade e horizontalidade e não demasiadas formas que, também por isso, cansam e que, nalguns modelos transparecem um sorriso (farolins para cima) ou tristeza. Prefiro por isso farolins retilíneos. Já as saídas de escape duplas em cada extremo, voltam a demonstrar que a elegância pode ser desportiva. A Mazda resume isto no novo design KODO – Alma do Movimento – que “realça o visual atlético da Station Wagon, enquanto o atraente interior oferece um local confortável para desfrutar da viagem”.
Já no interior e conhecendo bem os alemães, a ‘6’ bate-se com eles. Em ergonomia, qualidade de construção e na atenção ao detalhe. Bancos acolhedores, um painel de instrumentos com 3 grandes mostradores, plásticos moles por todo o habitáculo e em muitos locais forrados a pele. A alavanca da caixa ao melhor estilo MX5 – curta, pequena e precisa. O espaço interior é amplo seja qual for o local e mesmo nos bancos traseiros isso foi conseguido não recorrendo a bancos mais curtos (para tentar transparecer mais espaço interior).
Hora de ligar o motor e o botão de arranque está noutro local – de facto mais intuitivo e não na coluna de direção, mas sim no tablier na zona frontal. Pouco ruidoso e sem grandes vibrações, despertam os 150 CV e o sistema SKYACTIV (“cada elemento do veículo foi reinventado para melhorar a eficiência e maximizar a dinâmica. Da carroçaria e do chassis aos motores e à transmissão, agora disponibilizamos as melhores taxas de compressão do mundo. A isto chamamos de SKYACTIV Technology”).
Já me esquecia mas a Mazda é pródiga nestes conceitos que depois se refletem no automóvel (Jinba Ittai – uma posição de condução concebida e centrada no ser humano).
O tamanho da MAZDA 6 não assusta e é fácil a sua utilização, tanto em espaço urbano como em estrada e autoestrada. Em todos eles, o motor responde e respira com suavidade e elegância, apoiado numa caixa de velocidades precisa e rápida. Revelou-se extremamente confortável, tanto em bom piso como mau piso, com um chassis bem afinado e consistente e uma suspensão ‘alemã’. Voltando ao início do artigo, mantém-se o motivo deste modelo não competir com a armada alemã aos olhos de alguns consumidores. Os ingredientes estão todos lá e o produto final também.
Sobre os consumos a média foi de 6,3 litros. Preço final desde os 36.000 euros. A viatura de ensaio com o nível máximo de equipamento Excellence com bancos em pele e com memória, teto de abrir, sistema de navegação; JLL; o preço final ronda os 46.000 euros.