Esta 3ª geração o Kia Ceed só perdeu o apóstrofo que o caracterizava (Cee’d), porque, em tudo o resto, o automóvel “europeu” da marca só ganhou qualidades e atributos que colocam a concorrência – principalmente alemã – deveras preocupada.
Longe vão os tempos em que a oferta KIA se fazia valer dos 7 anos de garantia e preço, para hoje não se intimidar ao oferecer um produto de 1ª linha.
Apelativo, bem desenhado, com os 2 volumes bem caraterizados mas sobretudo com uma elegância desportiva e equilibrada. As formas estão bem definidas, a imagem de robustez está presente e se a frente cativa, com a grelha Tiger Nose a que se juntam uns faróis e um para-choques que enfatiza o aspeto “desportivo”/irreverente do Ceed. A traseira segue-lhe as pisadas, com faróis estreitos, horizontais e retilíneos e para-choques “desportivos” de dupla cor (preto no fundo) com apontamentos aerodinâmicos que lhe conferem o aspeto “desportivo” que todo o automóvel possui.
O apuro do design merece elogios e em boa verdade quase todas as marcas estão a apostar cada vez mais em soluções de desenho do conjunto, “tradicionais” do que formas esculpidas, que são depois menos intemporais.
No interior, a bagageira foi desenhada como um amplo paralelepípedo que lhe confere uma arrumação familiar sem qualquer problema. Mais à frente, encontramos 4 portas com amplas aberturas para um interior que cativa sob qualquer prisma. Os cuidados nos detalhes, na qualidade dos materiais, na montagem, são de facto áreas onde a KIA demonstra uma evolução surpreendente. Hoje, não deve haver marca que não desmonte os concorrentes e retire deles os pontos fortes de cada um. É difícil hoje encontrarmos um automóvel onde se tenham esquecido dos porta-objetos, dos carregadores, do apoio de braço deslizante, entre tantos detalhes. Inventar a roda, hoje é muito mais difícil. Acredito que daqui a pouco tempo vamos ver o mesmo nível de evolução ao nível do volante com o desaparecimento de tantos botões e a inclusão de soluções mais arrojadas e user-friendly.
O Ceed segue o exemplo de várias marcas com um desenho tradicional do tablier (sem formas esculpidas, sem interrupções, p. ex.) e com a solução central do ecrã tátil central (que pessoalmente não admiro, pois preferia que estivesse totalmente incorporado na consola frontal ou, como a Audi teve no A3, um painel que se eleva do tablier). Uma palavra importante para a consola frontal que está orientada maioritariamente para o condutor.
O volante (aquecido), com excelente pega, “casa” bem com os pedais metálicos e o banco (de bom apoio e conforto) – elétrico nalgumas versões. A versão de ensaio contava com bancos em pele, aquecidos e ventilados, teto de abrir, sistema de navegação, ASCC – (Cruise control adaptativo), carregamento wireless, camara traseira de estacionamento, LKAS (Sistema de assistência à manutenção na faixa de rodagem que alerta e aciona a direção caso seja necessário recolocar o veículo na posição correta), FCA (alerta a colisões frontais onde deteta os veículos que seguem à frente (função de série) e os peões que atravessam a estrada (função opcional)), sistema de máximos automáticos, sistema de alerta para saídas de estacionamento, alerta de ângulo morto….dianteiro (com avisador no volante e no espelho exterior) e alerta de ângulo morto traseiro (muito útil quando conjugado com a câmara) e um excelente sistema de som JBL que fazia mesmo muita diferença na qualidade do som emanado.
Bem sentados, é hora de ligar o potente ar condicionado e dar início ao ensaio e, mais uma vez apercebemo-nos das enormes qualidades do KIA. Suspensões “alemãs”, chassis bem construído, comportamento de referência. A concorrência que se cuide.
Se olharmos para o papel vemos que este Ceed é mais baixo que o anterior, assim como, o seu centro de gravidade, o que ajuda a este comportamento atrás referido e também ao local onde está ancorado o motor. O ensaio que realizámos foi ao motor 1.0 Turbo GDI com 100cv e obviamente não sendo um desportivo, não desilude ninguém, bem pelo contrário. Tem um delay inicial para depois responder prontamente, ajudado pela precisão e escalonamento da caixa de velocidades. As outras motorizações são o 1.4Turbo GDI e o 1.6CRDI, podendo estes últimos ter uma caixa automática (de 7 velocidades) de dupla embraiagem com preços que se iniciam nos 18.450 euros (campanha de desconto de 4.500 euros em vigor) até 27.640 euros (campanha de 4.500 euros) – sem extras… além da garantia de 7 anos.
A história recente do setor automóvel remete-nos para várias marcas e hoje marcas como a Mini ou a Volkswagen foram, no seu início concebidas como marcas com produtos simples, robustos e com preço económico. Ambas evoluíram e hoje são referências nos seus segmentos. Este mesmo caminho tem sido trilhado com enorme sucesso pela KIA e pela Hyundai, num setor que hoje é certo ser bastante mais exigente, mas onde os coreanos respondem com resultados. E se hoje estas marcas já competem de igual para igual com a concorrência, acredito que no futuro – tal como nos equipamentos eletrónicos – a concorrência terá de tentar acompanhá-los. E por fim, uma referência à garantia dos 7 anos. Nunca vi a garantia destes automóveis somente como uma aposta do marketing, mas como a demonstração ao público que a marca tem tanta confiança em qualquer dos seus produtos que lhes dá 7 anos de garantia.