O estudo de investigação, publicado no Journal of Biogeography, monstra que estas zonas “têm a capacidade de funcionar como abrigo contra o aquecimento global para uma importante espécie marinha, a alga Fucus guiryi, preservando não só a espécie mas também a sua identidade genética”, pode ler-se em comunicado do CCMAR.
A investigação apenas pode confirmar o efeito de abrigo protetor para a alga castanha. Esta espécie “desempenha um importante papel na composição e riqueza de espécies na zona intertidal (zona compreendida entre o nível da maré baixa e da ação das ondas na maré alta), contudo, esta questão pode também influenciar o equilíbrio dos ecossistemas em geral”.
Carla Lourenço partiu, para a investigação, da necessidade de “identificar zonas onde as espécies possam permanecer durante períodos, mesmo com condições menos favoráveis”. Uma situação que se deve “ao aquecimento global”.
Os efeitos do aquecimento global são já visível, nomeadamente, na biodiversidade. Verificando-se que “os padrões de distribuição de várias espécies têm sofrido alterações, um pouco por todo o mundo”, e neste caso os “refúgios são como que oásis, permitindo assim que a espécie persista e que a sua diversidade genética seja preservada”.
Os investigadores focaram a investigação “em regiões onde as mudanças climáticas têm sido bastante acentuadas, e que são caraterizadas pela presença de diversos afloramentos costeiros”. Nestas regiões verificaram “a distribuição e a diversidade genética de alga castanha, Fucus guiryi”.
“Ao longo da costa sudoeste da Península Ibérica e do norte de África, os investigadores identificaram cinco áreas, permanente ou temporariamente afetadas por afloramentos costeiros”, e foi nestes locais que constataram que “a alga Fucus guiryi consegue persistir, independentemente da dimensão da área de afloramento”.
Nos locais onde a Fucus guiryi foi identificada, os investigadores “conseguiram ainda verificar que estas populações são compostas por diferentes grupos genéticos”, o que acrescenta mais “importância ao efeito protetor dos afloramentos costeiros”.
Em regiões vizinhas, onde o aquecimento da água do mar é bastante acentuado, as algas desaparecerem, indicam os investigadores, e acrescentam que “ o desaparecimento desta alga está também a ocorrer em zonas bem próximas, como é o caso da Praia de Santa Eulália em Albufeira. Em apenas seis anos, mais de 90% da população extinguiu-se”.
“A costa marroquina apresenta o mais importante grupo genético e com maior diversidade. Já o grupo do Estreito de Gibraltar apresenta o que parece ser a informação genética de populações que estiveram, no passado, isoladas no Mediterrâneo das populações Atlânticas”, refere o comunicado do CCMAR.
O aproveitamento dos afloramentos pelas algas é devido a que “durante um fenómeno de afloramento costeiro as águas mais profundas, e que por isso mesmo têm uma temperatura mais baixa e são mais ricas em nutrientes, são transportadas para a superfície e substituem a água que lá se encontra”.