Alimentos funcionais são “enriquecidos com aditivos alimentares”. Estes aditivos podem ter “propriedades curativas ou preventivas”. Para testar os alimentos aditivados os investigadores recorrem a um sistema “sistema gastrointestinal dinâmico, que simula a digestão no corpo humano”. Um sistema desenvolvido no Centro de Engenharia Biológica (CEB).
A inovação do trabalho que está a ser desenvolvido pelo CEB e iBET assenta, referem os investigadores, no recurso à nanotecnologia para desenvolver “produtos que aumentam a quantidade de compostos bioativos – vitaminas, probióticos e antioxidantes, entre outros – que são efetivamente absorvidos pelo corpo humano”.
A investigação tem como objetivo aumentar “a eficácia dos alimentos” e que “os novos produtos mantenham por mais tempo a chamada biodisponibilidade”, ou seja, “a velocidade e o grau com que uma substância ativa é absorvida, a partir de um medicamento ou alimento, e fique disponível dentro do corpo humano”.
Os investigadores vão desenvolver os trabalhos em quatro fases: seleção de matérias-primas a utilizar na produção das nanoestruturas; caraterização das propriedades físicas dos materiais e testes de toxicidade e bioacessibilidade e, após a produção dos compostos, a execução de testes no sistema gastrointestinal dinâmico.
Para Ana Cristina Pinheiro, investigadora responsável pelo projeto, citada em comunicado, o objetivo é obter “uma considerável gama de opções de sistemas de libertação funcionalizados, que serão desenvolvidos de forma a serem comestíveis e por isso aplicáveis na indústria alimentar“.
A investigadora acrescentou que “serão produtos com uma bioatividade maximizada, dado que haverá aumento da biodisponibilidade, ou seja, compostos bioativos com elevada capacidade de absorção”.
Os investigadores estão convencidos que as “nanoestruturas funcionalizadas poderão ser usadas como plataformas para características melhoradas, tendo em consideração as mais recentes exigências dos consumidores”.
A utilização de nanoestruturas nos alimentos, e por consequência no interior do corpo humano, num processo de digestão e absorção, coloca questões de segurança, desconhecendo-se “alguns pormenores sobre o efeito destes produtos”.
Neste contexto da segurança destes alimentos aditivados com produtos criados com recurso a nanoestruturas os investigadores pretendem obter informações mais precisas e para isso, para além dos testes no sistema gastrointestinal dinâmico, vão também “recorrer a modelos celulares in vitro de modo a avaliar a toxicidade das nanoestruturas e monitorizar a resposta inflamatória”.
O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho, classificado como “Excelente” pelas avaliações da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), possui mais de 300 cientistas de 36 nacionalidades, que se dedicam a investigação nas áreas da Biotecnologia e Bioengenharia Ambiental, Industrial e Alimentar e da Saúde.
Com investimento anual de 3 milhões de euros provenientes da FCT e de várias instituições públicas e parcerias com a indústria, o CEB, deu origem à criação de 13 empresas e ao registo de 16 patentes.