Investigadores do Programa Nacional de Investigação “Oportunidades e riscos dos nanomateriais”, na Suíça, desenvolveram um novo modelo em computador que permite seguir o fluxo dos mais importantes nanomateriais no ambiente.
A questão colocada pelos investigadores foi: Quantas nanopartículas produzidas pela indústria são libertas para o ar, terra ou água? Para tentar responder à questão uma equipa de investigadores, liderado por Bernd Nowack, do Swiss Federal Laboratories for Materials Science and Technology (Empa), em St.Gallen, desenvolveu um modelo em computador.
Com o modelo os investigadores pretendem dar a conhecer “a acumulação no ambiente de nanopartículas de prata, nanopartículas de zinco, nanopartículas de dióxido de titânio e nanotubos de carbono”, referiu Bernd Nowack.
O novo modelo de análise de dados, desenvolvido pelos investigadores, permite ter em conta o crescimento significativo da produção e do uso de nanomateriais, mas também, considera que diferentes nanomateriais são utilizados em diferentes aplicações. Os modelos anteriores apenas procediam a cálculos estáticos.
Os investigadores dão como exemplo as nanopartículas de zinco e nanopartículas de dióxido de titânio que são encontradas principalmente em produtos cosméticos. Cerca de metade dessas nanopartículas têm como destino, no espaço de um ano, as águas residuais, e daí entram nos esgotos.
Os nanotubos de carbono, no entanto, são integrados em materiais compósitos. Podem ser encontrados, por exemplo, em raquetes de ténis e nos quadros das bicicletas. Estes nanotubos podem demorar dez ou mais anos para serem libertados, o que acontece quando os produtos forem para incineração de resíduos ou forem reciclados.
Os investigadores envolvidos no estudo da Empa e da Universidade de Zurique, estimam que a produção anual de nanopartículas de dióxido de titânio em toda a Europa seja 39.000 toneladas métricas, consideravelmente mais do que toda a produção dos outros nanomateriais.
Na União Europeia o lodo dos esgotos é utilizado como fertilizante (uma prática proibida na Suíça) o que pode levar a concentrações no solo de nanopartículas de dióxido de titânio em média de 61 microgramas por quilo, indicam os investigadores.
Conhecer o grau de acumulação no ambiente é apenas o primeiro passo na avaliação de riscos dos nanomateriais, pois os dados tem de ser de seguida comparados com os resultados de testes ecotoxicológicos e com os limites legais, referiu Nowack, citado em comunicado.
A avaliação do risco dos nanomateriais nunca foi efetuada com o novo modelo, no entanto, dados de um modelo estático anterior mostraram que as concentrações dos quatro nanomateriais investigados não devem ter qualquer impacto sobre o meio ambiente.
Mas, no caso de nanopartículas de zinco, pelo menos, a concentração no ambiente aproxima-se do nível crítico. Assim, em futuros estudos ecotoxicológicos deve ser dada prioridade a estas nanopartículas de zinco, embora as quantidades produzidas sejam menores que as nanopartículas de dióxido de titânio.
Com base nos resultados dos estudos os investigadores concluíram que devem ser executados com prioridade testes ecotoxicológicos, usando os organismos do solo.