O recurso a jogos na fase de preparação para a radioterapia, em crianças com tumores cerebrais, ajuda as crianças a eliminar o stress e a ansiedade da terapêutica, bem como reduz a quantidade de sedação necessária, e por isso os respetivos custos, indica estudo desenvolvido no ‘Research Hospital St. Jude Children’, do Programa Vida da Criança, a ser publicado na edição de junho da revista ‘Supportive Care in Cancer’.
“Os resultados (do estudo) demonstram a importância de ter especialistas de ‘vida da criança’ a fazer parte da equipa de cuidados de saúde”, referiu Shawna Grissom, diretora do programa, no Hospital ‘St. Jude’.
“As intervenções de especialistas certificados em ‘vida da criança’ ajudam a preparar as crianças para o que vai acontecer durante os tratamentos por radiação. A sedação é muitas vezes usada para manter a criança durante os tratamentos”, referiu Shawna Grissom, e acrescentou que “podemos trabalhar com as crianças sobre habilidades para enfrentar a terapêutica”.
Quando as crianças são apoiadas com jogos “não vão necessitar de sedação” cada vez que são submetidas a tratamento, uma vez que diminui o interesse pelo que vai, ou está, a acontecer como elas.
Neste caso, Shawna Grissom indicou que “menos sedação para as crianças significa menos riscos clínicos, menos tempo em sessões de tratamento e redução dos custos de cuidados de saúde que podem chegar a 80.000 dólares por paciente”.
A equipa de investigadores realizou um estudo retrospetivo de procedimentos de radiação para 116 crianças, em St. Jude, com tumores do sistema nervoso central, entre crianças com idades compreendidas entre 5 e os 12 anos.
Os tumores do sistema nervoso central são os tumores sólidos com maior percentagem de diagnósticos na infância. Estes tumores são responsáveis por quase 20% de todos os cancros pediátricos, ou seja, cerca de 2.500 novos casos por ano, nos Estados Unidos da América (EUA).
Embora a radioterapia seja um tratamento eficaz para os tumores do sistema nervoso central, é no entanto particularmente angustiante para as crianças, para além dos seus cérebros em desenvolvimento serem expostos às radiações, indica ’Research Hospital St. Jude Children’
A sedação é frequentemente utilizada para assegurar um posicionamento preciso durante a radioterapia, mas apesar da precaução, a sedação diária em crianças pode estar associada a vários riscos para a saúde, incluindo doenças respiratórias e défices de funcionamento cognitivo.
O Hospital de St. Jude referiu que os investigadores “examinaram o número total de tratamentos de radiação que as crianças receberam, o número de tratamentos recebidos com e sem sedação, e o tipo e a duração das intervenções dos especialistas certificados em ‘vida da criança’. Estas intervenções consistiram na prática de atividades ou num jogo, envolvendo educação, preparação e distração”.
Os especialistas trabalharam com as crianças durante toda a fase preparatória do tratamento, usando técnicas para enfrentar os tratamentos, mas os especialistas de ‘vida da criança’ também ajudaram durante as sessões de radiação pela leitura de livros para crianças, explicou a investigadora.
O estudo indica que os investigadores verificaram o uso de sedação por idade e local tumor local afetado. Cada aumento de um ano na idade do paciente foi associado a uma maior probabilidade da criança receber a radioterapia sem sedação ou com sedação parcial.
Ajustada a idade, os investigadores verificaram que no caso da localização do tumor se posicionar onde os pacientes são menos propensos a renunciar a sedação, cada sessão de intervenção adicional do especialista em ‘vida da criança’ foi associado a um aumento de 23% de probabilidade de receber a radioterapia com sedação parcial em vez da sedação completa.
Shawna Grissom observou que uma programação baseada em jogos implementados por especialistas em ‘vida da criança’ pode ajudar nas sessões de radioterapia a diminuir ou mesmo eliminar em alguns casos os sedativos.