Pela primeira vez cientistas observaram e detetaram ondas gravitacionais no espaço-tempo de uma colisão de duas estrelas de neutrões. É a primeira vez que a observação do evento cósmico envolveu ondas gravitacionais e de luz. Os resultados da observação considerados revolucionários foram apresentados ontem, dia 16 de outubro, pelas equipas de investigação envolvidas na descoberta das ondas gravitacionais. Um trabalho que recentemente foi reconhecimento ao ser atribuído o Prémio Nobel da Física de 2017 a três dos investigadores envolvidos na investigação.
As estrelas de neutrões são estrelas densas, as mais pequenas conhecidas, que se formam quando as estrelas mais maciças explodem sob a forma de supernovas.
À medida que as órbitas das estrelas de neutrões se aproximavam, as ondas gravitacionais emitidas foram detetadas durante uns 100 segundos, quando se deu a colisão foi emitido um flash de luz sob a forma de raios gama e chegou à Terra cerca de dois segundos depois das ondas gravitacionais serem detetadas.
Nos dias e semanas após o evento, também foram detetadas outras formas de luz ou radiação de campos eletromagnéticos, incluindo raios-X, ultravioleta, ondas no espetro do visível, infravermelho e de rádio.
Na observação da colisão das duas estrelas de neutrões estiveram envolvidos 11 bolseiros provenientes do projeto GraWIToN financiado pela União Europeia (UE). O projeto GraWIToN é financiado em 3,67 milhões de euros ao abrigo das Ações Marie Skłodowska-Curie.
Carlos Moedas, comissário responsável pela Investigação, Ciência e Inovação, referiu a natureza extraordinária da observação, dado que “a partir de agora, os investigadores têm a possibilidade de ver e ouvir eventos cósmicos para melhor os compreenderem”, e acrescentou: “Congratulo-me com o facto do financiamento da UE ter contribuído para estas revelações pioneiras”.
A observação agora tornada possível abre novas e poderosas possibilidades para aprofundar a compreensão do universo, e a ligação a outros conhecimentos, dado que, por exemplo, o ouro e a platina são formados em grandes colisões cósmicas.
A investigação foi realizada pelo observatório LIGO, nos EUA, o detetor Virgo em Itália e em outros locais como o Observatório Europeu do Sul (ESO). A UE tem apoiado o ESO com mais de 14 milhões de euros ao longo dos últimos dez anos.