O estudo envolveu 55 doentes, com idades compreendidas entre os 18 e 60 anos, submetidos a uma intervenção cirúrgica de remoção total ou parcial de menisco rasgado, uma das lesões desportivas mais frequentes em todo o tipo de atletas, sejam amadores ou profissionais.
“Os resultados demonstraram que doses elevadas de células estaminais mesenquimais podem ser administradas com segurança de forma concentrada numa articulação do joelho sem a formação de tecido anormal”, disse o autor do estudo Thomas C. Vangsness, Jr., citado em comunicado pela AAOS.
No estudo os pacientes foram colocados aleatoriamente em cada um de três grupos: os pacientes do Grupo A receberam uma injeção de “baixa dose” de 50 milhões de células estaminais após sete a dez dias a cirurgia de menisco; os pacientes do grupo B receberam uma dose mais elevada de 150 milhões de células estaminais; e os do ‘grupo de controlo’ receberam apenas placebo.
Através de ressonância magnética e imagens de raios-X os especialistas avaliaram a evolução do menisco e verificaram que os grupos a quem foram administradas células estaminais mesenquimais obtiveram um aumento significativo do volume do menisco durante o primeiro ano mas, em oposição, nenhum dos doentes do ‘grupo de controlo’ chegou sequer ao limiar de 15% de aumento de volume. Os doentes dos dois primeiros grupos, “que sofriam de osteoartrose, sentiram igualmente um alívio da dor”, ao contrário do ‘grupo controlo’, indica Thomas C. Vangsness, Jr.
“Os resultados deste estudo sugerem que as células estaminais mesenquimais têm o potencial de melhorar a condição total da articulação do joelho”, disse Vangsness.
A lesão do menisco é uma das lesões desportivas mais comuns, especialmente no futebol e na corrida, com uma taxa de insucesso de tratamento que pode chegar até aos 45%. Mesmo nos casos de sucesso, após várias intervenções cirúrgicas, a capacidade do atleta na prática desportiva pode ficar gravemente afetada.
A investigação da AAOS pode a abrir portas para que as células estaminais possam vir a ser uma terapêutica viável para acelerar a recuperação e evitar paragens prolongadas da atividade física.
Para Patrícia Cruz, Diretora da empresa de biotecnologia portuguesa, Cytothera, “a eficácia da aplicação de células estaminais no tratamento das lesões desportivas mais comuns, como as que afetam o menisco, tem vindo a ser comprovada ao longo dos anos”.