No dia 1º de maio, Dia Internacional do Trabalhador, a CGTP organizou, em Lisboa, uma marcha desde o Martim Moniz até a Alameda Afonso Henriques, onde Arménio Carlos, secretário-geral da central sindical, fez uma intervenção abordando temas da atualidade e enumerou algumas das principais reivindicações que vem defendendo. Avisos ao Governo sobre a possibilidade de endurecimento da luta, não foram esquecidos.
Situação Internacional
Numa abordagem à política internacional Arménio Carlos lembrou que a atualidade está a ser “marcada por uma grande instabilidade e incerteza”, com uma “ofensiva do imperialismo”, com os EUA a “testar bombas para intimidar e instabilizar povos e países”, e a “boicotar e desestabilizar economias”, por todo o mundo. Ações que são “sempre acompanhadas por mentiras e manipulações, com a cumplicidade de Instituições Internacionais como a ONU”.
O secretário-geral referiu que “neste 1º de maio existem razões acrescidas de inquietação sobre a possibilidade de um conflito de proporções difíceis de imaginar, que exigem uma mobilização popular em defesa da paz, contra a guerra e de solidariedade com os povos que lutam pela autonomia, a independência e a soberania dos seus países.”
União Europeia
É conhecida a posição de Arménio Carlos sobre a União Europeia (UE) pelo que, mais uma vez sublinhou, na sua intervenção, que a UE depois de sujeitar Portugal “ao programa da troika que agrediu e humilhou o povo português”, o país “continua confrontado com a política neoliberal, federalista e militarista da UE, os tratados europeus, a UEM e o Euro”, que considera “responsáveis pela destruição de importantes áreas da produção nacional, pelo aumento da exploração dos trabalhadores, o empobrecimento, a destruição do aparelho produtivo, a descaracterização do regime democrático e o saque dos recursos nacionais para acrescentar lucro ao grande capital.”
Para Arménio Carlos “o Acordo Económico e Comercial com o Canadá (CETA)” apenas serve “os interesses das multinacionais e transnacionais” que “se sobrepõem aos direitos dos trabalhadores e dos povos, aos tribunais nacionais, à soberania alimentar e à vontade democrática expressa pelo voto popular.”
“Hoje trabalhamos mais e recebemos menos, temos um ganho médio anual de apenas 51% da média europeia e somos o sétimo país da UE onde mais se empobrece a trabalhar”, referiu o secretário-geral da central sindical.
Situação do desemprego e avisos ao Governo
Sobre a atual situação do desemprego o sindicalista lembrou ao Governo do PS que “apesar do desemprego estar a baixar, a precariedade não para de aumentar”, e que, “8 em cada 10 empregos criados têm vínculos precários, com redução de rendimentos que variam entre os 30% e os 40% relativamente aos trabalhadores com vínculos efetivos.”
O secretário-geral da Intersindical lembrou, num sinal de aviso ao Governo, já em funções há mais de ano e meio, que “os trabalhadores não podem continuar a ser sujeitos à desregulação dos horários, à intensificação dos ritmos de trabalho, a uma crescente penosidade do trabalho por turnos, a discriminações salariais entre homens e mulheres e a um clima de medo e assédio.”
Reformas e reforço da luta
Para forçar o Governo a uma nova política, Arménio Carlos fez um apelo à luta para que sejam eliminadas as normas gravosas da legislação laboral, como “a norma da caducidade, e reintroduzir o princípio do tratamento mais favorável do trabalhador e a renovação automática dos contratos coletivos.”
O próximo Orçamento de Estado deve assegurar a progressão das carreiras e repor o vínculo de nomeação e a subida dos salários dos trabalhadores da Administração Pública, referiu o sindicalista, e acrescentou que não é possível aceitar que “os trabalhadores com 40 anos de contribuições para a Segurança Social sejam penalizados com 37,5% na sua reforma”, e lembrou que a CGTP defende que os trabalhadores possam aceder à aposentação sem qualquer penalização, desde que tenham 65 anos.
Arménio Carlos terminou a sua intervenção referindo a necessidade de reforçar a luta e por isso a CGTP decidiu convocar “para o dia 3 de Junho, duas grandes manifestações, em Lisboa e no Porto, inseridas no Dia Nacional de Luta, sob o lema ‘Unidos pela valorização do trabalho e dos trabalhadores’.