A conferência das Nações Unidas, com o tema ‘Capacitar Pessoas Afetadas’, que decorre de 21 a 22 de março, nos Estados Unidos da América (EUA), vai ter a participação de João Paulo Cunha, coordenador do Centro de Engenharia Biomédica do Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC).
A conferência tem como objetivo assegurar que indivíduos ou comunidades que sejam afetadas por conflitos ou desastres naturais tenham uma voz direta em projetos e programas lançados para o seu benefício.
João Paulo Cunha, que também é docente da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP), faz parte dos cerca de 175 profissionais seniores de todo o mundo que vão representar empresas tecnológicas, agências humanitárias, academias e entidades governamentais na conferência que se realiza na sede da Google, em Mountain View, EUA.
Na conferência vai ser apresentado um dos sistemas que está a ser desenvolvido no INESC TEC em conjunto com a Carnegie Mellon University e a startup ‘Incident Aid’. O investigador esclareceu que o sistema que vai ser apresentado consiste em “sensores vestíveis para monitorizar posicionamento no terreno, sinais vitais, como sejam, ECG, respiração, actigrafia, temperatura do corpo, gases nocivos com o monóxido de carbono, etc.”.
Com os sensores são obtidos, entre outros, os “índices de fadiga, exposição a calor e níveis de stress, de profissionais de primeira resposta, tais como paramédicos ou bombeiros, integrados com sistemas de comunicações de emergência e de informação de alarmes e gestão de eventos críticos, como situações de catástrofe naturais”.
A organização da conferência é do gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, que é responsável por juntar vários agentes humanitários que assegurem uma resposta coerente em caso de emergência. Os participantes vão debater, entre outros temas, os pagamentos digitais, comunicações com comunidades afetadas, recolha de dados, visualização e análise, identificação digital e privacidade de dados.
O INESC TEC esclarece que “as mudanças tecnológicas têm tido um grande efeito nas operações humanitárias. Se antigamente as organizações limitavam o uso de tecnologia a rádios e telefones, hoje em dia são utilizadas várias tecnologias de informação e comunicação, tais como os sistemas de satélite, drones, smartphones, computadores, entre outros, para recolher, partilhar e analisar informação.”
É estimado que “em 2020 as subscrições de dispositivos móveis ultrapassem o número de população global e que mais de metade da população mundial tenha acesso rápido à internet”. Numa situação desastre natural ou um conflito, “as organizações humanitárias têm que estar aptas para potenciar a tecnologia de modo a responder de forma mais efetiva e eficiente.”