O Natal deste ano é marcado pelo início do “Jubileu de Esperança” convocado pelo Papa Francisco para 2025 e recorda-nos que o nascimento de Jesus é sinal de esperança para o mundo.
Contemplando o Menino que nasce na gruta de Belém, onde Deus revela o seu amor pela humanidade, somos chamados a converter o coração para que, como diz o Papa Francisco na Bula de proclamação do Ano Jubilar, “a luz da esperança cristã chegue a cada pessoa, como mensagem do amor de Deus dirigida a todos”.
Vivemos num tempo repleto de desafios, particularmente marcado pela violência, com conflitos armados um pouco por todo o mundo, vidas perdidas, milhares de refugiados e a incerteza no futuro que tudo isso traz. Também as crises ambientais, as situações de pobreza fruto das desigualdades sociais e económicas, o sofrimento e a solidão marcam a vida de muitas pessoas e famílias e ensombram os nossos dias.
Em tempos como estes é fundamental ancorarmo-nos à certeza de que Deus habita a nossa história e que vem ao encontro de cada um para iluminar as nossas vidas, convidando-nos à transformação pessoal e comunitária para que possamos ser fonte de esperança para o mundo.
É urgente que sejamos portadores de esperança e possamos traduzir a conversão do coração em gestos concretos: cuidando da vida dos mais frágeis como as crianças, os idosos, os pobres ou os doentes; indo ao encontro de quem está só, abandonado e em sofrimento, seja o vizinho que mora ao lado, seja nas prisões, lares e hospitais; acolhendo com dignidade os migrantes e refugiados; procurando a paz e a justiça, antes de mais, nas nossas relações pessoais; tornando-nos próximos uns dos outros, sobretudo no seio familiar, indo além dos ecrãs dos telemóveis; oferecendo aos jovens novos horizontes para que se abram, sem medos, ao futuro.
Numa sociedade onde reina o individualismo, o Natal de Jesus é um convite especial à partilha e à generosidade. É nesse sentido que, procurando ir ao encontro dos nossos irmãos duramente atingidos pela guerra em Gaza, relembramos a campanha de angariação de fundos da Conferência Episcopal Portuguesa, em favor das comunidades cristãs da Terra Santa, a Terra de Jesus, que está a decorrer até dia 31 de dezembro. Tendo esta intenção presente, entreguemos no Presépio todos os povos oprimidos pela guerra que gritam desesperadamente pela Paz.
Neste Natal, ao procurarmos uma relação mais profunda com Deus através da oração e da participação nos sacramentos, deixemos a luz do Presépio brilhar no nosso coração e conduzir-nos a uma vida de verdadeira esperança e renovação. Tenhamos presente que o Natal existe no amor que partilhamos e na esperança que alimentamos para que seja possível construir um mundo mais justo, fraterno e acolhedor para todos.
Desejos de um Santo e Feliz Natal.
Por: D. José Ornelas, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa
