O nemátode da madeira do pinheiro foi identificado pela primeira vez, em Portugal, na região da Península de Setúbal, em 1999, e dada a sua rápida propagação foram tomadas medidas para circunscrever e erradicar a doença.
No entanto, face às caraterísticas da propagação, as medidas nem sempre são completamente eficazes, e em 2008 foram detetados novos focos da doença no centro do país, nomeadamente na região da Lousã e de Arganil.
O nemátode com o nome científico Bursaphelenchus xylophilus (B. xylophilus) é um verme microscópico que causa a doença da murchidão dos pinheiros, sendo transmitido de árvore em árvore por um inseto (vetor) Monochamus galloprovincialis.
Agora, uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra, liderada por Joana Cardoso, vem dar mais um passo importante para a compreensão da doença da murchidão do pinheiro, ao descobrirem novas proteínas envolvidas na patogenicidade do nemátode da madeira do pinheiro.
“Ao longo de três anos, os investigadores estudaram duas espécies de nemátodes muito próximas: B. xylophilus, causadora da doença, e B. mucronatus, que é uma espécie com características morfológicas e ecológicas semelhantes às de B. xylophilus mas que não é patogénica”, indica a UC.
Os investigadores reproduziram em laboratório as condições do ambiente natural para o desenvolvimento da doença, quantificando e comparando as proteínas (enzimas) produzidas naturalmente pelas duas espécies de nemátodes, e quantidade libertada para o meio envolvente.
O estudo em laboratório permitiu aos investigadores verificar que “a espécie B. xylophilus liberta uma quantidade muito maior de determinadas proteínas em comparação com B. mucronatus”, indicou Joana Cardoso, citada pela UC.
Este aumento de proteínas pode ser “a causa para a sua patogenicidade, ou seja, o aumento da secreção destas proteínas é responsável pela destruição das células do pinheiro e consequente morte da árvore”, afirmou a investigadora Joana Cardoso.
A investigadora esclareceu ainda que “das 422 proteínas quantificáveis nas duas espécies, 158 são libertadas em muito maior quantidade pela espécie B. xylophilus e que muito provavelmente estão relacionadas com a sua patogenicidade”.
O estudo que envolveu a colaboração entre investigadores do Laboratório de Nematologia do Centro de Ecologia Funcional e da Unidade de Genómica e do Laboratório de Espectrometria de Massa Aplicado às Ciências da Vida do Centro de Neurociências e Biologia Celular da UC, já se encontra publicado na revista ‘Scientific Reports’.
Para Joana Cardoso, o estudo, “além de contribuir para desvendar os mecanismos envolvidos na doença da murchidão do pinheiro, será de grande utilidade para o desenvolvimento de novas estratégias de controlo do nemátode da madeira do pinheiro que constitui uma ameaça à economia europeia”.
A UC indica que “os investigadores vão agora caracterizar e estudar a função destas 158 proteínas que são libertadas em maior quantidade, selecionar as mais relevantes e estudar formas de as silenciar, isto é, de bloquear a sua função”.