Medicina Física e de Reabilitação: A Reabilitação como direito universal para a qualidade de vida de todos

Catarina Aguiar Branco, Médica Fisiatra / Medicina Física e de Reabilitação, Associação Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (APMFR)
Catarina Aguiar Branco, Médica Fisiatra / Medicina Física e de Reabilitação, Associação Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (APMFR). Foto: DR

Comemora-se, dia 13 de novembro, o Dia Internacional da Medicina Física e de Reabilitação, iniciativa da International Society of Physical and Rehabilitation Medicine (ISPRM), divulgando a especialidade médica e a área da saúde da Reabilitação, em que “A Reabilitação é essencial na Cobertura Universal da Saúde! Que todo o cidadão tenha acesso à Medicina Física e de Reabilitação”. Esta mensagem associa-se à Resolução da Organização Mundial da Saúde (OMS) “Strengthening Rehabilitation in Health Systems” (Reforçar a Reabilitação nos Sistemas de Saúde), que apela aos seus estados-membros a sua aplicação. Em Portugal, as comemorações deste dia realizam-se até 14 de dezembro.

A Medicina Física e de Reabilitação é, também, em Portugal, uma Área da Saúde designada pela OMS igualmente como a “Reabilitação Médica”. A Reabilitação é um direito universal e o acesso aos seus cuidados de Saúde deve ser defendido, protegido e desenvolvido, ao nível dos Cuidados de Saúde Hospitalares (CSH), Cuidados de Saúde Primários (CSP), Cuidados de Ambulatório externos aos CSH (Unidades de MFR) e na Comunidade.

A comemoração mundial deste dia, destaca a importância da Medicina Física e da Reabilitação, como uma Especialidade Médica holística, integradora, mas também a sua inclusão nas Equipas Multiprofissionais e Multidisciplinares de Reabilitação [compostas por Médico Fisiatra, Fisioterapeuta, Terapeuta Ocupacional, Terapeuta da Fala, Enfermeiros de Reabilitação, Técnicos Ortoprotésicos, Psicólogos, Assistentes Sociais, …], em colaboração com as outras especialidades médicas e cirúrgicas. O foco está nas pessoas com limitações funcionais e incapacidades físicas e cognitivas, permanentes ou temporárias, nos seus familiares e cuidadores. A pessoa é vista como um todo, não apenas em relação às queixas e áreas específicas que se refere.

A Medicina Física e de Reabilitação intervém na Promoção da Saúde, Prevenção da Doença, Diagnóstico, Terapêutica-Reabilitação (com uma larga variedade de intervenções e tratamentos), Recapacitação (são fornecidos ao doente meios para potenciar as suas capacidades, por exemplo produtos de apoio, como cadeiras de rodas, canadianas, andarilhos, talas /ortóteses…) e Paliação (permite manter qualidade nos estádios mais severos e terminais).

A Medicina Física e de Reabilitação intervém ao longo de todas as idades, em várias doenças e condições de saúde, desde agudas, subagudas ou crónicas, quando as pessoas experimentam situações de limitação funcional (perda de mobilidade articular, força muscular, equilíbrio, capacidade de marcha…), com grande impacto na sua vida do dia-a-dia, na realização das suas atividades como o vestir, despir, alimentar-se, fazer a higiene, comunicar, andar e na participação familiar e social.

Atendendo ao impacto das doenças e condições de saúde que são motivo de atuação da Medicina Física e de Reabilitação e das suas Equipas de Reabilitação é urgente que o Sistema de Saúde crie respostas adequadas a estas necessidades, melhore o acesso e a equidade dos cidadãos à Medicina Física e de Reabilitação, aumente os serviços com qualidade, segurança e eficiência clínica (e de custos), nas várias instituições da Saúde.

A Rede de Unidades de Medicina Física e de Reabilitação convencionadas com o Serviço Nacional de Saúde (SNS) cobre uma área geográfica alargada e presta cuidados de reabilitação a milhares de doentes por ano. Estes cuidados incluem consulta médica, avaliação funcional pelos elementos da equipa durante a execução dos tratamentos, realização do plano individual de reabilitação com vários tipos de tratamentos e intervenções médicas e técnicas e a educação ao doente, familiares e cuidadores.

A melhoria da rede de cuidados de reabilitação externos a instituições de Saúde (Serviços de Medicina Física e de Reabilitação Hospitalares, Centros Especializados Regionais de Reabilitação, Unidades de Cuidados Continuados) assenta na melhora da oferta aos doentes, da ligação entre as Unidades Locais de Saúde (Serviços de Medicina Física e de Reabilitação CSH, Cuidados de Medicina Física e de Reabilitação /Reabilitação nos CSP) e as Unidades Convencionadas com o SNS.

Deste modo podem todas as pessoas que necessitem de cuidados de reabilitação, independentemente da sua doença e estado de saúde, da sua localização geográfica, beneficiar dos ganhos de novo ou da manutenção do seu estado e qualidade de vida com a Medicina Física e de Reabilitação.

Autora: Catarina Aguiar Branco, Médica Fisiatra / Medicina Física e de Reabilitação, Associação Portuguesa de Medicina Física e de Reabilitação (APMFR)