A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência das Nações Unidas para a defesa e promoção dos direitos das crianças – UNICEF – apelam que todas as partes no conflito na Faixa de Gaza implementem pausas humanitárias durante sete dias para permitir a realização de duas ações de campanhas de vacinação contra a poliomielite.
As pausas nos combates permitirão que crianças e famílias possam chegar com segurança às unidades de saúde e que agentes comunitários de extensão cheguem às crianças que não conseguem aceder às unidades de saúde para vacinação contra a poliomielite. Sem as pausas humanitárias, a vacinação não será possível.
Durante cada ação da campanha, o Ministério da Saúde da Palestina (MS), em colaboração com a OMS, a UNICEF, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e parceiros, poderá fornecer duas gotas da nova vacina oral contra a poliomielite tipo 2 (nOPV2) a mais de 640.000 crianças menores de dez anos de idade.
A OMS lembra que o poliovírus foi detetado na Faixa de Gaza em julho de 2024, em amostras ambientais de Khan Younis e Deir al-Balah. Entretanto, foram relatadas na Faixa de Gaza que três crianças apresentaram suspeita de paralisia flácida aguda (PFA), um sintoma comum da poliomielite. Amostras de fezes foram enviadas para teste no Laboratório Nacional de Pólio da Jordânia.
Mais de 1,6 milhões de doses de nOPV2, que é usada para interromper a transmissão de cVDPV2, irão ser entregues à Faixa de Gaza. As entregas das vacinas e do equipamento da cadeia de frio devem transitar pelo Aeroporto Ben Gurion antes de chegar à Faixa de Gaza até o final de agosto. A OMS indica que é essencial que o transporte das vacinas e da cadeia de frio seja facilitado em cada etapa da jornada para garantir o seu recebimento, libertação e, finalmente, entrega em tempo útil para a campanha.
A OMS refere que foram feitos planos detalhados para dar suporte aos técnicos de vacinação e mobilizadores sociais para chegar às crianças elegíveis em toda a Faixa de Gaza. Do plano consta que a vacinação será administrada por 708 equipas, incluindo hospitais, hospitais de campanha e centros de atenção primária à saúde em cada município da Faixa de Gaza. Cerca de 2.700 profissionais de saúde, incluindo equipes móveis e agentes de extensão comunitária, darão suporte à entrega de ambas as ações da campanha. Também será apoiado os esforços de conscientização para mitigar os riscos de infeção por poliomielite.
De acordo com a OMS é necessária uma cobertura de vacinação de pelo menos 95% durante cada ação da campanha para prevenir a propagação da poliomielite e reduzir o risco de ressurgimento, devido aos sistemas de saúde, água e saneamento que estão severamente interrompidos na Faixa de Gaza.
Outros requisitos para o sucesso da campanha incluem financiamento suficiente, combustível e redes de telecomunicações funcionais para alcançar as comunidades com informações sobre a campanha.
A Faixa de Gaza estava livre da pólio há 25 anos. O ressurgimento, sobre o qual a comunidade humanitária alertou nos últimos dez meses, representa mais uma ameaça às crianças na Faixa de Gaza e países vizinhos. Assim, um cessar-fogo é a única maneira de garantir a segurança da saúde pública na Faixa de Gaza e na região.