Os Prémios FIA Lisboa de 2024 distinguem duas vertentes do artesanato, o tradicional e o contemporâneo. O artesanato tradicional enquanto bem ou produto que é criado usando processos, técnicas ou matérias-primas tradicionais e que pode ser identificado com as raízes culturais portuguesas. O artesanato contemporâneo enquanto produto utilizável ou consumível em que o processo criativo e produtivo, onde são utilizados novos materiais, novas tecnologias e design inovador, pode expressar uma tendência da cultura tradicional e contemporânea portuguesa.
O 1º prémio de artesanato tradicional FIA 2024 foi atribuído à peça “Alforge Tradicional Barrosão ” de Fernando de Araújo Pereira.
“Ser reconhecido por uma peça de artesanato tradicional do nosso património cultural é uma satisfação enorme”, tanto mais que “sou artesão da área têxtil da tecelagem manual”, referiu Fernando de Araújo Pereira. O artesão acrescentou que “fazer produtos que foram feitos pelos nossos antepassados há um século” ou há mais de meio século, e “que os fizeram com tanta autenticidade com umas cores e com uns fios que teceram”, e agora são seguidas essas pegadas e valorizadas as peças que deixaram de ser usadas.
Ao ser distinguido com o prémio, Fernando de Araújo Pereira explicou que os alforges eram usados “para transportar a mercadoria quando os nossos antepassados iam às Feiras e iam às Romarias, e tinham de levar burros ou cavalos e transportar as coisas, quer para se alimentarem, no caminho, quer para trazer os produtos que comprassem, no regresso. Aqui na feira foi o que trouxe, uma peça, um alforge tradicional, neste caso, de Trás-os-Montes, da zona do Barroso, mas haviam alforges do Barroso até ao Algarve. Continuar a fazer peças de têxtil é uma grande satisfação.”
Nesta categoria de artesanato tradicional foram também atribuídas as seguintes menções honrosas: a Marta Teixeira da Cruz pela peça “Colcha de Labirinto”; a Carlos Alberto Alves pela peça “Cante Alentejano” e a Maria da Conceição Medeiros pela peça “Superação”.
Na categoria de artesanato contemporâneo o 1º prémio FIA 2024 foi atribuído a Catarina Tudella, pela peça “Albarrada”.
A artesã disse que “não estava à espera de receber prémio” e acrescentou: “Para esta peça foram 90 horas a bordar à qual eu me dediquei, a bordar manualmente, e outras tantas a idealiza-la. É uma peça que leva como tantas outras um bocadinho de mim. No trabalho do artesão o seu valor está exatamente em que cada peça carregar uma impressão digital única e inconfundível.”
Catarina Tudella concluiu afirmando: “É muito importante preservarmos o artesanato.”
Também, na categoria de artesanato contemporâneo, foram atribuídas as seguintes menções honrosas: a Isabel Carneiro, pela peça “Tiara da Deusa Grega Gaia”; a Telmo Roque, pela peça “Faca para cogumelos Alcaide, e a Teodolinda Semedo, pela peça “Abeira”
O trabalho de seleção dos premiados teve o contributo um júri constituído por: Leandro Coutinho – FPAO, da Federação Portuguesa de Artes e Ofícios; Alexandre Oliveira, do IEFP -Instituto Emprego e Formação Profissional; Rita Jerónimo, da Direcção-Geral das Artes; Graça Ramos, da Portugal à Mão; Teresa Costa e equipa – A.Certifica; Luis Rocha, da CEARTE e Ana Margarida Ferreira, da Universidade da Beira Interior.