Relatório sobre o estado da Década Digital da Comissão Europeia mostra que, no cenário atual, os esforços coletivos dos Estados-Membros estão longe do nível de ambição da União Europeia (UE).
As lacunas identificadas e descritas no relatório apontam para a necessidade de mais investimentos a nível da UE como a nível nacional, em especial nos domínios das competências digitais, da conetividade de elevada qualidade, da adoção da inteligência artificial (IA) e da análise de dados pelas empresas, na produção de semicondutores e em ecossistemas de empresas em fase de arranque.
O relatório de 2024 apela a uma ação reforçada para que os Estados-Membros sejam mais ambiciosos, uma vez que a consecução dos objetivos da Década Digital no domínio das infraestruturas digitais, das empresas, das competências e dos serviços públicos é fundamental para a futura prosperidade económica e coesão social da UE.
Em face da atual situação a Comissão Europeia atualizou as recomendações específicas por país e transversais, dirigidas a cada Estado-Membro da UE, para colmatarem as lacunas, onde se destacam:
■ O desenvolvimento de tecnologias inovadoras são cruciais para a competitividade da Europa, em especial no atual panorama geopolítico e devido ao aumento das ameaças à cibersegurança, exigindo uma maior resiliência e medidas de segurança sólidas.
■ Os objetivos de conectividade estabelecidos antes estabelecidos, como as redes de fibra ótica, essenciais para fornecer conectividade a gigabits e permitir a adoção de tecnologias de ponta, como a Inteligencia Artificial (IA), a computação em nuvem e a Internet das Coisas, atingem apenas 64 % dos agregados familiares. Atualmente, as redes 5G de elevada qualidade atingem apenas 50 % do território da UE e o seu desempenho continua a ser insuficiente para prestar serviços 5G avançados.
■ Em 2023, a adoção da IA, da computação em nuvem e/ou dos megadados pelas empresas europeias também se situou muito abaixo da meta da Década Digital de 75 %. De acordo com as tendências atuais, apenas 64 % das empresas utilizarão a computação em nuvem, 50 % dos megadados e apenas 17 % da IA até 2030.
■ Um dos grandes desafios enfrentados na transformação digital da UE continua a ser a difusão limitada das tecnologias digitais para além das grandes cidades.
■ Atualmente, as metas em matéria de competências digitais estabelecidas pela Década Digital ainda estão longe de ser alcançadas, com apenas 55,6 % da população da UE a possuir, pelo menos, competências digitais básicas. De acordo com a tendência atual, o número de especialistas em Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) na UE será de cerca de 12 milhões em 2030, com um desequilíbrio persistente entre homens e mulheres.
■ Apesar da utilização desigual entre os Estados-Membros, a identificação eletrónica está atualmente disponível para 93 % da população da UE e espera-se que a carteira de identidade digital da UE incentive a sua utilização. No entanto, num cenário de manutenção do statu quo, a consecução de 100 % dos serviços públicos digitais para os cidadãos e as empresas até 2030 continua a ser um desafio.