Mais vitimas, mais destruição de casas e outras infraestruturas civis é o resultado dos contínuos bombardeamentos e incursões terrestres em Gaza pelas forças militares israelitas. Nos últimos dias destacam-se fortes ações militares em Beit Hanoun, ao sul da cidade de Gaza, no leste de Deir al Balah, no nordeste de Khan Younis, bem como no centro e no sul de Rafah.
Dados do Ministério da Saúde de Gaza indicam que entre as tardes de 14 e 19 de junho, foram mortos 130 palestinianos e 421 ficaram feridos. Assim, entre 7 de outubro de 2023 e 19 de junho de 2024, já foram mortos pelo menos 37.396 palestinianos e 85.523 ficaram feridos, em Gaza.
Entre os incidentes mais mortais relatados entre 16 e 18 de junho estão os seguintes:
■ No dia 16 de junho, à noite, nove palestinianos, incluindo seis crianças, foram mortos e 11 feridos quando uma casa foi atingida nas proximidades da rotunda de Abu Rasas, no Campo de Refugiados de Al Bureij, em Deir al Balah.
■ No dia 17 de junho, por volta das 19h50, pelo menos nove palestinianos foram mortos quando um grupo de pessoas que esperavam por camiões de ajuda foram atropelados na estrada Salah ad Din, a leste de Rafah.
■ No dia 18 de junho, às 13h20, dez palestinianos, incluindo pelo menos uma criança e uma mulher, foram mortos e outros feridos quando uma casa foi atingida no primeiro campo no Campo de Refugiados An Nuseirat, em Deir al Balah.
■ No dia 18 de junho, às 14h40, seis palestinianos foram mortos e outros feridos quando uma casa foi atingida no quinto campo do Campo de Refugiados An Nuseirat, em Deir al Balah.
Agências das Nações Unidas relatam que a cadeia de abastecimento alimentar em Gaza foi gravemente perturbada. Foram registados danos significativos em terras agrícolas, estufas e estruturas agrícolas em abril e maio. A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) estima que cerca de 41 por cento da área total da Faixa de Gaza é coberta por terras agrícolas (cerca de 150 quilómetros quadrados), incluindo culturas arvenses, vegetais e pomares, e outras árvores. No entanto, uma avaliação recente da FAO e do Centro de Satélites das Nações Unidas (UNOSAT) indica um declínio significativo na saúde e densidade das culturas em toda a Faixa devido ao arrasamento, movimento de veículos pesados, bombardeamentos, e outras operações relacionadas com o conflito.
A situação no sul de Gaza está a deteriorar-se rapidamente, uma vez que as pessoas têm sido amontoadas numa “área altamente congestionada ao longo da praia, no calor escaldante do verão”, enquanto o conflito ativo e a ilegalidade tornaram “quase impossível” para o PAM e os seus parceiros cumprirem as metas, destacou o Diretor Executivo Adjunto do Programa Alimentar Mundial (PAM), Carl Skau, a 14 de junho, após uma visita de dois dias a Gaza.
O acesso à água é criticamente baixo, com as pessoas a terem de esperar longas horas em filas para a recolher e a serem forçadas a depender da água do mar para uso doméstico, incluindo para recém-nascidos num determinado local. As pessoas utilizam latrinas rasas e há uma propagação contínua de doenças transmissíveis, entre o transbordamento de esgotos, a proliferação de insetos, roedores e cobras, e uma falta quase total de artigos de higiene e de instalações sanitárias.
As crianças estão envolvidas em tarefas pesadas e arriscadas, como a recolha de água e alimentos, sendo expostas à violência nos pontos de distribuição devido à competição por recursos escassos e ao risco omnipresente de engenhos não detonados. Há também relatos crescentes de violência baseada no género, particularmente violência doméstica e casamento precoce, agravando ainda mais os desafios enfrentados pelas mulheres e crianças.
Apenas uma pequena parte das pessoas deslocadas tem acesso regular a refeições quentes, não houve distribuição de farinha ou de cestas básicas recentemente e os alimentos básicos no mercado são em grande parte inacessíveis. Há também uma falta crítica de leite e fórmulas para bebés e de suplementos nutricionais para crianças e mulheres grávidas e lactantes. Na ausência de combustível, as pessoas são forçadas a queimar plástico do lixo ou madeira para cozinhar. Muitas famílias relatam fazer apenas uma refeição por dia, e algumas fazem uma refeição a cada dois ou três dias, dependendo principalmente do pão, da partilha de alimentos com outras famílias e do racionamento.
As restrições de acesso continuam a minar gravemente a prestação de assistência e serviços humanitários essenciais em Gaza, incluindo a prestação de assistência alimentar e nutricional, cuidados médicos, apoio à proteção e abrigo, e serviços de água, saneamento e higiene a centenas de milhares de pessoas.