A empresa americana Verizon publicou a 17.ª edição do Data Breach Investigations Report (DBIR), que examina as tendências relevantes do cibercrime através da análise de 30.458 incidentes de segurança, dos quais 10.626 foram data breaches confirmados em 94 países diferentes. O estudo teve a participação de 79 organizações de todo o mundo, entre as quais a S21sec, do Thales Group, uma das principais fornecedoras de serviços de cibersegurança na Europa.
O estudo mostra que a cadeia de abastecimento está a tornar-se um alvo cada vez mais de ciberataques, com um aumento de 68% em 2023 face a 2022 nos ataques dirigidos contra os agentes que compõem a cadeia de abastecimento. O relatório mostra que 65% dos ciberataques são feitos por atores externos e os restantes 35% foram promovidos por agentes internos, número que sofreu um aumento significativo de 20% no último ano.
É também mostrado que há um crescimento substancial na exploração de vulnerabilidades de segurança para a execução de ciberataques, 180% face ao ano anterior, sendo que na maioria das vezes o principal vetor de entrada foram as aplicações web.
Também foi identificado que os erros humanos são um dos principais motivos que levam ao sucesso dos ciberataques, e que 68% das quebras de segurança são atribuídas a um maior descuido na utilização dos dispositivos. Em 2023, mais de metade dos incidentes foram causados por emails enviados para destinatários errados, que aproveitaram falhas de segurança para roubar informações confidenciais. Outro dos erros humanos mais comum é a perda de dispositivos, seguido pela falta de consciencialização sobre a importância de manter os sistemas operativos atualizados.
“A principal motivação dos atacantes para o roubo de informações é o ganho financeiro, que representa 93%, embora também existam alguns que atuam exclusivamente para fins de espionagem, cerca de 7%. Devido ao aumento de ciberataques, que cresceram 12% de acordo com o relatório Threat Landscape Report, é necessário garantir uma infraestrutura de cibersegurança que minimize as ameaças crescentes a que estamos expostos. Para tal, é necessário investir na consciencialização sobre a cibersegurança e em serviços apropriados para enfrentar os atacantes e proteger os sistemas”, afirmou Igor Unanue, Chief Technology Officer (CTO) da S21sec na Península Ibérica.
Técnicas de hacking mais comuns
O relatório destaca a prevalência de ataques de negação de serviço (DDoS) – que visam desabilitar o sistema através do colapso do tráfego do servidor -, presentes em 59% dos incidentes registados. Esta metodologia de ataque é uma das opções preferidas dos cibercriminosos devido à sua elevada probabilidade de sucesso e ao baixo custo, sendo que 50% destes ataques demoram menos de cinco minutos a serem executados.
Embora os ataques de ransomware – um tipo de malware que bloqueia e encripta informações para a extorsão económica – tenham diminuído em relação ao ano passado, estes posicionam-se como a segunda opção preferida dos cibercriminosos, estando presente em 12% dos incidentes. No entanto, a sua combinação com outras técnicas de extorsão aproxima-o dos 15% registados há um ano.
Em relação às restantes técnicas de ataque, destacam-se as cometidas através de phishing, tendo o email como principal vetor de entrada. O tempo médio para os utilizadores serem enganados através de uma técnica de phishing é inferior a 60 segundos, sendo necessários aproximadamente 21 segundos para abrir um link malicioso e 28 segundos para o utilizador inserir os seus dados. 95% destes ataques são direcionados e têm objetivos financeiros.