A Academia de Farmácia de Castela e Leão, Espanha, distinguiu com o Prémio anual na categoria de Trabalhos de Investigação Básica ou Clínica no campo das Ciências Farmacêuticas, um estudo de investigação desenvolvido por Isabel Andrade, Lèlita Santos e Fernando Ramos, nos Laboratórios de Bromatologia e de Análises Clínicas da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (UC).
O estudo premiado com o titulo ‘Efecto de una leche fermentada con fitoesteroles combinada con estatinas en lípidos y marcadores del metabolismo del colesterol en adultos mayores’, envolveu a participação da Casa do Povo da Abrunheira, Casa dos Pobres de Coimbra e Santa Casa da Misericórdia de Montemor-o-Velho, e teve a aprovação prévia da Comissão de Ética da Faculdade de Medicina da UC.
O trabalho de investigação, que fez parte da dissertação de Doutoramento de Isabel Andrade, permitiu, pela primeira vez a nível mundial, estudar o efeito simultâneo de fitoesteróis e de estatinas no perfil lipídico e no metabolismo do colesterol em idosos, com valores de colesterol-LDL inferiores a 130 mg/dL.
É conhecido que a incidência da hipercolesterolémia, que se encontra grandemente associada ao aumento da idade, está relacionada com a disrupção do metabolismo do colesterol causada pela progressiva perda de homeostasia característica do processo de envelhecimento. Neste estudo os participantes de ambos os sexos e com mais de 65 anos apresentavam hipercolesterolémia e tomavam estatinas regularmente.
Na investigação “foram avaliados, para além dos parâmetros habituais de colesterol total, colesterol-HDL, colesterol-LDL e triglicerídeos, também os percursores do colesterol (desmosterol e latosterol) utilizados como indicadores da sua síntese endógena, e os fitoesteróis (sitosterol e campesterol), como indicadores de absorção por via da dieta, através da técnica de cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa”.
Os investigadores procederam à recolha de dados durante dois períodos consecutivos de três semanas o que permitiu confirmar “o efeito hipocolesterolemiante da toma de 2 g/dia de fitoesteróis, através do consumo de um iogurte líquido suplementado, em combinação com uma estatina”, indicam os investigadores.
Neste caso foi possível verificar que “o benefício da associação de um inibidor não-farmacológico da absorção do colesterol (os fitoesteróis do iogurte) a estatinas, na redução absoluta do colesterol-LDL foi evidente”.
Os investigadores verificaram ainda que ocorreu o mesmo para “concentrações de colesterol-LDL baixas (inferiores a100 mg/dL), em idosos cujo metabolismo basal é já diminuído”.
Na atribuição do prémio, e de acordo com a UC, a Academia de Farmácia de Castela e Leão relevou que “a utilização de medicamentos com alimentos suplementados com fitosteróis na população idosa é um contributo para os avanços científicos em saúde uma vez que incluí a problemática das doenças cardiovasculares, a abordagem terapêutica mais comum com estatinas e a população idosa”.