No dia 11 de abril, os militares israelitas anunciaram que tinham começado uma operação terrestre no centro de Gaza. No entanto, os bombardeamentos israelense aéreo, terrestre e marítimo continuaram a ser relatados em grande parte da Faixa de Gaza, levando a mais vítimas civis, deslocação da população e destruição de casas e outras infraestruturas civis.
Entre a tarde de 8 de abril e as 10h30 de 12 de abril, dados do Ministério da Saúde de Gaza, indicam que foram mortos mais 427 palestinianos e que mais 281 palestinianos foram feridos. Assim, de acordo com a mesma fonte, desde 7 de outubro de 2023 até às 10h30 de 12 de abril de 2024, foram mortos pelo menos 33.634 palestinianos e pelo menos 76.214 palestinianos foram feridos, na Faixa de Gaza.
Entre os incidentes mortais entre 7 e 11 de abril estão os seguintes:
■ No dia 7 de abril, por volta das 17h50, seis palestinianos foram mortos quando foi atingida uma loja de produtos de limpeza no campo de refugiados de An Nuseirat, em Deir Al Balah.
■ No dia 8 de abril, por volta das 18h50, cinco palestinianos, incluindo o presidente da Câmara de Al Maghazi, foram mortos quando foi atingido o edifício do município de Al Maghazi, em Deir Al Balah.
■ No dia 9 de abril, por volta das 22h40, cinco palestinianos, incluindo crianças, foram mortos e outros feridos quando foi atingida uma casa a leste da cidade de Jabaliya, no norte de Gaza.
■ No dia 9 de abril, por volta das 20h35, 14 palestinianos forammortos e outros feridos quando foi atingida uma casa no Campo de Refugiados de An Nuseirat, em Deir al Balah.
■ No dia 10 de abril, por volta das 16h00, seis palestinianos, incluindo três adultos e três crianças, foram mortos e uma criança ficou ferida, quando foi atingido um veículo no acampamento de Beach.
■ No dia 11 de abril, por volta das 7h00, pelo menos três palestinianos foram mortos e outros feridos quando foi atingida uma escola da UNRWA no Novo Campo de An Nuseirat, em Deir al Balah.
■ No dia 11 de abril, por volta das 11h10, seis palestinianos foram mortos e outros feridos quando foi atingido um grupo de pessoas no bairro de Al Junina, em Rafah.
■ No dia 11 de abril, por volta das 15h00, pelo menos seis palestinianos terão sido mortos quando foi atingido o mercado público de Firas, na cidade de Gaza.
Entre as tardes de 8 e 12 de abril, não houve relatos que tenha morrido qualquer soldado israelita em Gaza.
Em Khan Younis foi feita uma profunda destruição de casas, escolas, hospitais, centros médicos, estradas e outras infraestruturas civis, de acordo com uma missão de avaliação interagências da ONU, em 10 de abril, depois da retirada das tropas israelitas.
Um armazém da ONU e um armazém do Hospital Nasser estão entre os edifícios totalmente danificados, incluindo uma grande quantidade de medicamentos e suprimentos médicos que tinham sido fornecidos como assistência humanitária.
As forças israelitas tornaram os hospitais Nasser, Al Amal e Al Khair inoperantes, sendo necessárias avaliações para avaliar se dispositivos médicos especializados, tomógrafos, centrais de oxigénio, geradores e painéis solares podem voltar a funcionar, indicam os funcionários da OMS, que descreveram a destruição como “desproporcional a qualquer coisa que se possa imaginar”.
A equipa da ONU, composta por representantes das várias agências, também informou que os civis que regressaram à área e aqueles que permaneceram durante os combates enfrentam uma terrível escassez de alimentos, água e outros fornecimentos críticos. Os serviços colapsaram e verificam-se graves riscos de segurança devido à presença de engenhos não detonados, incluindo bombas de grandes dimensões encontradas nos principais cruzamentos de estradas e dentro de escolas.
Milhares de pessoas deslocadas internamente estão em risco e necessitam de serviços de apoio humanitário, incluindo cuidados de saúde, água e saneamento, alimentação e apoio especializado para mulheres e pessoas com deficiência, relata o Coordenador Humanitário interino, Jamie McGoldrick, durante uma visita, em 9 de abril, a uma escola da UNRWA que acolhe dezenas de milhares de deslocados internos em Khan Younis.
Muitas amputações de membros poderiam ter sido evitadas e os membros salvos com cirurgia reconstrutiva em Gaza se o sistema de saúde ainda funcionasse em Gaza, informou a organização Médicos Sem Fronteiras no dia 8 de abril. Em vez disso, devido à dizimação do sistema de saúde, à extrema falta de recursos e às restrições arbitrárias à assistência autorizada a entrar em Gaza, os médicos tiveram de “escolher entre sedar um paciente para intuba-lo e salvar-lhe a vida, ou tratar outro paciente, “pois era necessário o mesmo medicamento”, referiu o vice-diretor do programa de Médicos Sem Fronteiras para o Oriente Médio.
Além de ferimentos por esmagamento no abdómen e no peito, amputações de pernas e braços e queimaduras graves causadas por bombardeamentos em edifícios e tendas, e civis soterrados sob os escombros, as equipas de Médicos Sem Fronteiras em Gaza têm testemunhado casos de crianças com ferimentos de bala causados por drones e atiradores de elite.
Num vídeo publicado nas redes sociais no dia 11 de abril, a porta-voz da UNICEF, Tess Ingram, descreveu o seu encontro com uma menina de nove anos, Juri, que ficou gravemente ferida quando a casa dos seus avós foi atingida e está no Hospital Europeu à 16 dias com grandes feridas abertas que não podem ser tratadas em Gaza, na esperança de serem evacuados com urgência para fora de Gaza.
Ingram enfatizou que tudo isso “não pode ser aceitável para o mundo”. Num comunicado emitido em 8 de abril, a Ajuda Médica aos Palestinianos também destacou o impacto do conflito nos profissionais de saúde, cujas mortes terão excedido o número total de profissionais de saúde mortos em conflitos a nível mundial nos anos de 2021 e 2022.
Após seis meses de conflito implacável, “não resta nenhum lugar seguro em Gaza – nem para os profissionais de saúde, nem para as crianças, nem para os civis, nem para os trabalhadores humanitários”, sublinhou a Ajuda Médica aos Palestinianos. Dados do Ministério da Saúde, em Gaza, 489 profissionais de saúde foram mortos desde o início das hostilidades.
Atrasos, restrições de acesso e tiroteios estão entre os constrangimentos que os prestadores de ajuda enfrentam em Gaza, afirmou a UNICEF a 10 de abril, quando um dos seus comboios humanitários foi atingido por munições reais enquanto entregava ajuda vital ao norte de Gaza, incluindo alimentos terapêuticos para crianças em risco de desnutrição e da mortalidade evitável.
Entre 6 e 12 de abril, 41 por cento (7 de 17) das missões de ajuda ao norte de Gaza foram facilitadas pelas autoridades israelitas (incluindo uma parcialmente), 41 por cento (7) foram negadas ou impedidas, incluindo devido a hostilidades próximas, e 17 por cento (3) foram cancelados pelos parceiros de ajuda, principalmente devido a restrições logísticas.
As missões facilitadas envolveram avaliações rápidas, apoio a enterros no Hospital Al Shifa e entrega de alimentos essenciais. As missões negadas incluem duas planeadas para 12 de abril, uma das quais planeava entregar cerca de 24 mil litros de combustível para operar geradores de reserva no Hospital Al Ahli Arab. Além disso, de acordo com a UNRWA, continua a ser desproporcionalmente afetado por restrições de acesso e a última vez que conseguiu entregar alimentos ao norte de Gaza foi no final de Janeiro.
No sul de Gaza, 91 por cento (31 de 34) dos pedidos de missões de ajuda a áreas que requerem coordenação foram facilitados pelas autoridades israelitas (incluindo um parcialmente) e 9 por cento (3) foram negados.
A 11 de abril, o Subsecretário-Geral para os Assuntos Humanitários e Coordenador da Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, sublinhou que a segurança dos trabalhadores humanitários e dos civis em Gaza “continua a ser primordial”, saudando “todos os esforços para aumentar a quantidade e o tipo de ajuda prestada para o povo de Gaza, seja por via aérea, marítima ou, mais importante, por terra.”
Desde 7 de outubro, mais de 20.000 camiões de mercadorias entraram em Gaza, constituindo cerca de um quarto dos camiões que poderiam ter entrado se a média diária pré-crise de 500 camiões tivesse sido mantida.