No dia 8 de março, o porta-voz do Gabinete dos Direitos Humanos da ONU, Jeremy Laurence, advertiu: “Qualquer ataque terrestre a Rafah implicaria uma enorme perda de vidas e aumentaria o risco de novos crimes atrozes. Isto não deve ser permitido acontecer. Também tememos que novas restrições israelitas ao acesso dos palestinos a Jerusalém Oriental e à Mesquita de Al Aqsa durante o Ramadã possam inflamar ainda mais as tensões.”
Na Faixa de Gaza continuam os intensos bombardeamentos israelitas e as operações terrestres, bem como os intensos combates entre as forças israelitas e os grupos armados palestinianos do Hamas, tendo como resultando mais vítimas civis, deslocação da população e destruição de casas e outras infraestruturas civis.
Entre a tarde de 7 de março e as 10h30, de 8 de março, foram mortos pelo menos mais 78 palestinianos e 104 palestinianos ficaram feridos, dados relatados pelo Ministério da Saúde de Gaza. Assim, entre 7 de outubro de 2023 e 10h30 de 8 de março de 2024, pelo menos 30.878 palestinianos foram mortos em Gaza e 72.402 palestinianos ficaram feridos.
Entre os incidentes mortais relatados em 6 de março, estão os seguintes:
■ Por volta das 15h00, sete palestinianos foram mortos quando um autocarro foi atingido no bairro de Az Zaitoun, na cidade de Gaza.
■ Por volta das 15h15, cinco palestinianos terão sido mortos e outros feridos, quando foi atingida uma mesquita na cidade de Jabalya, no norte de Gaza.
■ Por volta das 20h00, cinco palestinianos terão sido mortos e outros feridos, quando uma casa no oeste de An Nuseirat, Deir al Balah, foi atingida.
■ Por volta das 21h30, pelo menos 12 palestinianos teriam sido mortos e outros feridos, quando uma casa no sul de Deir al Balah foi atingida.
■ Os corpos de 29 palestinianos mortos em diversas áreas de Khan Younis, no sul de Gaza, foram recuperados.
■ Por volta das 9h40, quatro palestinianos foram mortos e outros sete ficaram feridos, quando um grupo de palestinianos foi atingido numa rua em Bani Suheila, no nordeste de Khan Younis.
Entre as tardes de 7 e 8 de março, os militares israelitas relataram que nenhum soldado israelita foi morto em Gaza. Assim, os dados indicados pelas forças israelitas indicam que até 8 de março, 245 soldados foram mortos e 1.469 soldados ficaram feridos em Gaza desde o início da operação terrestre.
Num comunicado de imprensa para assinalar o Dia Internacional da Mulher, a Islamic Relief informou que as mulheres grávidas e as novas mães em Gaza enfrentam uma luta constante para se manterem vivas e aos seus bebés, no meio de uma escassez de alimentos, água e cuidados médicos que ameaça a vida.
A equipa da Ajuda Islâmica em Gaza relata que mulheres grávidas sofrem cesarianas sem anestésicos ou analgésicos, recém-nascidos morrem de fome e há uma escassez de materiais de higiene menstrual, fazendo com que mulheres e meninas desenvolvam infeções ao recorrerem ao uso de restos de pano ou roupas rasgadas.
Há cerca de 50 mil mulheres grávidas em Gaza e, todos os dias, cerca de 180 mulheres dão à luz entre os escombros ou em tendas ou carros, porque não têm acesso a hospitais ou instalações médicas, disse a organização Ajuda Islâmica, acrescentando que mulheres grávidas e recém-nascidos têm repetidamente sido forçadas a evacuar hospitais e os trabalhadores humanitários relatam um grande aumento no número de nascimentos prematuros devido aos níveis extremos de stress.
De acordo com o comunicado de imprensa, com as mulheres grávidas e as novas mães em risco especialmente elevado de desnutrição, os familiares e parceiros renunciam à sua própria alimentação para elas, mas a maioria das mulheres em Gaza passam agora dias inteiros sem comer.
Muitas novas mães enfrentam desidratação porque não conseguem água suficiente, o que torna ainda mais difícil a amamentação. A organização CARE refere: “Os nossos parceiros dizem-nos que os abrigos que administram veem mulheres a enterrar seus recém-nascidos todos os dias, porque não têm acesso a cuidados médicos essenciais ou simplesmente porque não há como alimentá-los”.
A Federação Internacional de Jornalistas, observando que treze mulheres jornalistas perderam a vida em Gaza desde o início do conflito, afirmou que “o trabalho das mulheres jornalistas em Gaza é fundamental para chamar a atenção global para a situação e fornece outra perspetiva sobre a guerra”, e reafirmou: “a necessidade absoluta de todos os jornalistas reportarem de forma livre e segura a partir de Gaza”.
No dia 6 de março, o Ministério da Saúde de Gaza anunciou os nomes de 42 pacientes palestinianos que viajariam para o Egipto através da passagem de Rafah para tratamento médico. De acordo com a OMS, estima-se que 8.000 pacientes necessitam de ser evacuados clinicamente de Gaza, incluindo mais de 6.000 pacientes relacionados com traumas e 2.000 pacientes com doenças crónicas graves, como o cancro.
Dos 36 hospitais em Gaza, 12 funcionam parcialmente, um funciona minimamente e 23 não funcionam. Dois hospitais de campanha estão totalmente funcionais e o terceiro funciona minimamente. Apenas 20 das 80 unidades de cuidados de saúde primários em Gaza estão agora funcionais.
Os danos causados ao Hospital Nasser em Khan Younis durante a operação militar israelita em fevereiro tornaram-no inoperante; os militares israelitas alegaram que o hospital era usado por combatentes palestinianos para fins militares. Das 27 tentativas da ONU de chegar ao hospital Nasser em Fevereiro, apenas 12 missões foram inicialmente coordenadas pelos militares israelitas e, destas, apenas seis foram facilitadas, chegando ao seu destino.
O acesso das Equipas Médicas de Emergência aos hospitais do norte de Gaza não foi possível devido à situação de segurança, não há paramédicos na área. Em fevereiro, apenas seis das 24 missões planeadas para áreas a norte de Wadi Gaza foram facilitadas pelas autoridades israelitas. O baixo número de missões planeadas deve-se principalmente a uma pausa operacional, depois de um comboio de alimentos coordenado pela ONU ter sido atingido por fogo naval israelita em 5 de fevereiro.
Em 1 de março, a OMS liderou duas missões de salvamento de vidas no norte de Gaza, para fornecer combustível essencial e material médico: em 1 de março, no hospital de Shifa, para entregar 19 000 litros de combustível e material médico crítico; e no dia 3 de março aos hospitais Al-Awda e Kamal Adwan, fornecendo 19.500 litros de combustível para cada hospital, além de suprimentos médicos essenciais.