Com a continuação das atividades militares israelitas na Faixa de Gaza a vida dos civis palestinianos continua em elevado risco, mesmo depois das decisões do Tribunal Internacional de Justiça, que decidiu impor que Israel deveria tomar medidas para não colocar em perigo a vida da população civil.
Para além de pouco se conhecer sobre a situação dos civis palestinianos a norte de Gaza, que se encontram isolados, agora é cidade de Khan Yunis no sul que está sitiada e a ser alvo de bombardeamentos contínuos e de intensos combates entre as forças israelitas e os grupos armados do Hamas. Uma situação que levou à fuga de milhares de civis nos últimos dias e ao fecho dos hospitais.
Num comunicado, os Médicos Sem Fronteiras (MSF) relatam que no meio de intensos combates e bombardeamentos em Khan Younis, “os serviços médicos vitais entraram em colapso no hospital Nasser”, e que lamentam “a situação em que as pessoas ficaram sem opções de tratamento”.
Os MSF indicam ainda que “entre 300 e 350 pacientes permanecem no Hospital Nasser, impossibilitados de evacuar porque é muito perigoso e não há ambulâncias. Esses pacientes apresentam lesões relacionadas à guerra, como feridas abertas, lacerações causadas por explosões, fraturas e queimaduras”.
“Estes ataques sistemáticos contra os cuidados de saúde são inaceitáveis e devem acabar agora para que os feridos possam receber os cuidados de que necessitam. Todo o sistema de saúde ficou inoperante”, afirmam os MSF.
“Rami, uma enfermeira de MSF presa dentro do hospital Nasser, descreveu a sensação de impotência durante um evento com vítimas em massa que levou 50 feridos e cinco mortos ao serviço de urgência de uma só vez no dia 25 de janeiro”, relata o comunicado dos MSF.
O comunicado continua referindo: “Não sobrou nenhum pessoal no serviço de urgência do hospital Nasser. Não havia camas, apenas algumas cadeiras e nenhum pessoal, apenas algumas enfermeiras”, diz Rami. “Levamos os pacientes ao serviço de urgência para prestar os primeiros socorros; conseguimos com o que tínhamos, tentamos estancar o sangue e classificar os pacientes ali. Foi um acontecimento horrível e realmente afetou-me psicologicamente.” Os suprimentos básicos, como compressas de gaze, estão acabar.
“Fui hoje à sala cirúrgica para receber um paciente em nosso departamento e perguntei aos poucos funcionários restantes se poderiam fornecer gaze abdominal”, diz Rami. “Disseram que nada tinha sobrado e que os que havia já estava a ser usado em vários pacientes.”
“Eles usam uma vez, depois espremem o sangue, lavam, esterilizam e reutilizam em outro paciente”, continua Rami. “Esta é a situação na sala de operações do Nasser, pode imaginar?”
O Diretor Geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, afirmou: “À medida que os combates se intensificavam em torno do Hospital Nasser” levou a que “centenas de pacientes e pessoal médico fugiram”. Agora, “o hospital está sem combustível, alimentos e suprimentos”.